~ quarta, 19 de outubro de 1994
• 01:52 AM─ Rickão, amigão, posso te pedir uma coisa? ─ Dinho pergunta para Rick.
─ manda a boa, Dinho.
─ então, eu tenho uma namorada super chata que fica enchendo o saco pedindo pra gente gravar umas músicas zoeira que fizemos. ─ ele diz me olhando e lançou um beijo pra ele.
Calma aí, agora que raciocínei... Namorada? A gente nem conversou sobre isso ainda...
─ então, tem como gravar essas músicas agora?
─ claro que dá. Mas são quantas?
─ temos uma que falta duas quase inteiras e uma que inventamos no caminho pra cá que ficou só um parágrafo.
─ vixi! Vocês vão ter que terminar elas agora então.
─ o senhor que manda. Meninos e Mari, vamos terminar essas músicas e gravar de uma vez por todas.
─ FINALMENTE ME OUVIU!
─ cala a boca, Mari. ─ Bento diz.
─ meu parceiro, tua sorte é que a única coisa que posso lançar em você agora são os instrumentos e eu não vou fazer isso.
─ então fique quietinha pra não fazer merda.
─ ou! Olha o jeito que cê fala com ela, japagay.
─ olha quem vem me chamar de gay, o Robocop Gay. Vai tomar no seu cu, Dinho.
─ Robocop gay é um nome foda. ─ Rick comenta.
─ gostou, né? O pai que criou. ─ Dinho diz.
─ eu que te chamei de Robocop gay, caralho. ─ Júlio diz.
─ a gente vai começar ou não? ─ Sérgio pergunta.
Enquanto os meninos ficam analisando as letras que tem até agora para ver o que dá pra adicionar, fico observando a reação do Rick e do Rodrigo enquanto ouvem as letras das músicas.
A cada frase os cara ri mais.
─ no caminho, os queridos aqui resolveram entrar no assunto de imigração, e o Dinho e Bento simplesmente começaram a criar uma história sobre um homem que saía da Bahia pra ter uma vida melhor em São Paulo. Eu comentei com o Júlio que daria uma música massa e engraçada. Será que vocês conseguem desenvolver uma música por cima disso? ─ pergunto.
─ meu amor, aqui a gente pode tudo. ─ Dinho diz.
Se pode tudo, então eu posso matar ele, certo?
A letra contou a história de um homem que deixa a Bahia, onde trabalhava como boia-fria, para tentar uma vida melhor em São Paulo. A viagem é feita no lombo de um jumento. No caminho o cara sofre uns problemas... Isso inclui problemas intestinais.
Ao chegar em São Paulo, o personagem se surpreende com os prédios e a modernidade do lugar. Então, ele decide mudar o visual do jumento e o deixar "moderno" na altura da cidade, isso foi uma crítica muito bem pensada. O tom da música é de zoeira como as outras, com o personagem sendo ridicularizado pela multidão após o acidente.
A crítica que eles fizeram traz uma reflexão sobre a imigração, tanto que fala na última estrofe "hoje estou arrependido de ter feito imigração", algo assiO personagem se arrepende de ter deixado a Bahia , porque além de perder seu jumento, volta para casa derrotado e com apelidos vários apelidos, como "cabeção". A música, mesmo com um tom de piada, toca em temas como a dificuldade de adaptação dos imigrantes, a saudade de casa e a ilusão que é São Paulo.
Com todo o respeito a São Paulo, claro.
─ temos uma letra completa! Qual vocês vão terminar agora? ─ Rick pergunta.
─ mina, certo? ─ Dinho pergunta e todos concordam.
São um bando de pela saco dele, eu queria mesmo é ouvir Robocop gay.
[...]
─um, dois, três e já! ─ Rick diz e os meninos começam a tocar.
─ Mina
Seu cabelo é da hora
Seu corpão violão
Meu docinho de côco
Tá me deixando louco
Minha braza amarela
Tá de portas abertas
Pra gente se amar
Pelados em Santos
Com você minha pitchula
Me sinto legalzão
Não me sinto sozinho
Você é meu chuchuzinho
Music is very good
Mas comigo ela
Não quer se casar
Na brasa amarela
Com roda gaúcha
Ela não quer entrar
Feijão com jabá
A desgramada
Não quer compartilhar
Linda mutcho
Mais do que linda
Very very beautiful
Você me deixa doidão
Music is wonderful
Meu docinho de côco.─ música brega do caralho, parceiros. Já que vocês são do Rock, vamos colocar uns toque de Rock aí. ─ Rick diz.
─ calma. Vamos começar pelo toque. ─ Bento diz.
─ ô cabeção, se é pra deixar mais do Rock É ÓBVIO que é pra mudar o toque. ─ falo.
─ ô porra, cala a boca.
─ foco, pessoal! ─ Rodrigo fala e os meninos fecham a matraca.
─ tem que ter uma pegada mais Rock, mais batida, mais guitarra. Pô, meo, tem que ser um pouco mais animado, mais a cara de vocês. ─ Rick diz.
Os meninos o escutam com atenção, prestanto bastante atenção na palavra "a cara de vocês". Bom, pelo menos eu prestei atenção porque eu já falei isso pra eles.
Estou apenas esperando a oportunidade para gritar "EU AVISEI!".
─ vamos, galera? Nós conseguimos fazer isso. ─ Dinho motiva e os meninos se animam.
Acho que agora vai dar certo...
O toque no começo ficou um pouco parecido com o original, mas um pouco mais rápido e os instrumentos mais agudos.
No fundo os meninos ficaram falando coisas do tipo: OXENTE AI AI AI... OXENTE PARAGUAI...
Achei bem engraçado, inclusive foi a MINHA ideia em robocop gay. Eles poderiam fazer isso...
─ amigos, que tal seguir minha ideia e dizer uns bagulho desse de fundo em robocop gay? ─ pergunto.
─ tipo? ─ Sérgio pergunta.
─ sei lá, vocês desenrolam.
E eles desenrolaram. Pegaram um tapete que tinha perdido pelo estúdio e começaram a desenrolar ele.
Perdão, não pude perder essa piada horrível.
Agora temos já três músicas zoeira finalizadas e finalmente podem ser gravadas.
─ a primeira é "mina (minha pichulinha)"... Vai ficar muito pesado, galera. ─ Rodrigo diz.
─ coloca "pelados em praia grande". ─ digo.
─ pelados em SANTOS! ─ Dinho diz.
─ isso aí mesmo. Vocês concordam? Vocês não tem direito de fala. Pode colocar aí. ─ falo e Rodrigo anota.
─ a outra "robocop gay" e a última... Não tem nome. Decidam-se.
─ então, seu Rodrigo, eu queria muito homenagear nosso querido vereador Geraldo... Então o nome da música vai ser "Jumento Celestino". ─ Dinho diz.
─ rapaz, chamando o vereador de jumento... ─ falo e Rodrigo começa a rir.
Acho que essa gravação foi muito melhor do que a outra, acho que foi por conta da madrugada que faz nossos neurônios bugarem. Essa gravadora foi tomada por risadas a madrugada inteira.
Nunca ri tanto por conta de uma letra de uma música. Os meninos tem talento pra fazer músicas engraçadas.
[...]
TÁ SÓ COMEÇANDO!!! (E eu já não aguento mais)
Espero que tenham gostado do capítulo e espero que gostem dos próximos! Beijão!!!
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Between Friends and Love ~ Mamonas Assassinas
Fanfiction𝐁𝐞𝐭𝐰𝐞𝐞𝐧 𝐅𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝𝐬 𝐚𝐧𝐝 𝐋𝐨𝐯𝐞 ─ o romance de Mariana, uma garota da cidade de Guarulhos, e Dinho, vocalista da banda "Utopia", que por sinal, é a banda favorita de Mariana. • não contém hot! ~ Lah ツ