★ 42° | "casa véia"

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Sábado, 29 de outubro de 1994
• 22:02 PM •

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─ tem uma casa ali! Vamos! ─ Samuel diz e seguimos para a casa.

É uma casa velha, grande, claramente abandonada. Ela já fica fora da floresta e tem um caminho até ela. É um terreno enorme, e sinto que tem algo ou alguém no canto escuro um pouco longe, mas não tenho certeza.

─ o Samuel com certeza seria o cara que vê uma boneca de porcelana claramente amaldiçoada e leva pra casa. Tá doido? Olha essa casa! ─ digo.

─ só tá abandonada, não vai acontecer nada. ─ Samuel responde.

─ não tô dizendo. Relaxa, Mari! Eu te protejo de todos os demônios! ─ Dinho diz.

─ o primeiro demônio que você poderia me proteger é de você mesmo, né? ─ falo.

─ vem logo, gente! Liguem suas lanternas. ─ Júlio diz e nós obedecemos.

Ele é a mamãe do grupo, ele manda, a gente obedece. Se bem que já falei o contrário uma vez...

Caminhamos até a casa, enquanto isso observo tudo ao redor, ao redor da casa tem bastante mato indicando que realmente ela está abandonada. 

Espero que esteja realmente abandonada, acho que não seria legal trombar com alguém que viva nessa situação, muito menos com alguma coisa que nem vida tem.

Sempre me ensinaram desde pequena que eu só devo ter medo dos vivos, mas eu tenho medo até de uma Serra maravilhosa só porque meus amigos disseram que tem medo.

─ quem entra primeiro? ─ Bento pergunta assustado.

─ eu entro primeiro nem com a porra. ─ Sérgio diz.

─ muito menos eu. ─ Samuel diz.

─ vocês são muito medrosos! Deixa que eu vou na frente. ─ falo e sigo até a porta da casa.

Quando chego na porta conto de um até três e bato nela. 

Agora que parei para pensar... Por que raios eu bati na porta?

─ venham comigo! ─ falo e abro a porta da casa. Quis dizer, tento abrir, essa merda tá emperrada. ─ nam! Porta véia podi.

─ calma aí. ─ Sérgio se aproxima da porta e dá um chutão dela.

─ boa, moleque! Tá comendo arroz e feijão, hein.

Sigo entrando na casa e os meninos atrás de mim. Dentro tá bem escuro e com um puta cheiro de mofo, cheia de poeira que minha rinite até atacou.

Vou parar de falar mal do serviço da faxineira da casa.

A casa é bem chique pra falar a verdade, ela é bem rústica, tem detalhes lindos no corrimão da escada, tem vários quadros na parede, tem até lustre, cara!

Se eu fosse fantasma ou espírito eu com certeza viria pra cá. Casa maravilhosa.

Eu moro em um barraco em comparação a isso.

Quando nós estávamos chegando numa sala enorme e chique ouvimos um barulho de algo caindo.

─ puta que pariu... ─ Sérgio resmunga.

─ bora voltar! Tô com medo. ─ Dinho diz.

─ o cara que ia "proteger" a Mari já tá se cagando todo. ─ Júlio fala.

Between Friends and Love ~ Mamonas AssassinasOnde histórias criam vida. Descubra agora