★ 54° | "eu sei"

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13/05/1995 - Sábado
- 15:37 PM

─ tenho um amor do caralho por você. ─ ele fala pegando algumas blusas em seu guarda roupa.

─ eu sei, eu sei.

─ você é incrível, inteligente, engraçada, perfeita, linda, tudo de bom. ─ ele passa por mim e olha em meus olhos, sorrindo.

─ eu sei, eu sei.

─ caralho, desde quando você não sabe receber elogios? ─ ele larga tudo na mala, leva as mãos a cintura e me encara.

─ como assim não sei receber elogios?

─ eu to aqui citando suas qualidades e você fica "eu sei, eu sei". ─ ele imita minha voz. ─ porra, responde direito.

Minha voz parece a daquelas boneca de filme de terror ou ele não soube imitar?

─ ué! Se eu sei que esses elogios são verdade, eu vou responder o quê? Obrigada por falar o que já sei, Dinho.

─ nossa, você é impossível! Pior que eu.

─ eu sei que você me ama.

─ eu sei, eu sei.

─ errou! Tem que falar "obrigado por falar o que já sei, Mari".

─ obrigado por falar o que já sei, coisinha.

─ muito bem! Agora vamos que a gente tá atrasado.

Uma interação bem tranquila enquanto ele arruma suas coisas.

Estamos indo para... LOS ANGELES!

POR ISSO QUE DIGO, É MUITO PICA SER AMIGA DE UM BANDO DE LOUCO QUE QUER FAZER SUCESSO!

PORRA, TENHO PASSAGEM DE GRAÇA PRA VIAJAR PRA FORA DA MERDA DO BRASIL E AINDA PRIMEIRA FILA DE GRAÇA NOS SHOWS. PUTA QUE PARIU, ISSO É DO CARALHO.

Eu tinha prometido que ia parar de falar palavrão...

Vou adicionar mais 7 horas sem falar palavrão.

─ PORRA!

9 agora.

─ que foi, sua doente?

─ meu creme, estourou no caralho da mala.

11 horas agora.

─ vixi, vai ter que comprar outro.

─ ESSA PORRA FOI CARO PRA CARALHO, E TAVA CHEIO AINDA! AINDA SUJOU A MERDA DA MALA QUE TAMBÉM FOI CARA PRA CACETE. EU NÃO TÔ CAGANDO DINHEIRO!

É, rapaz... Agora é umas 17 horas sem palavrão.

PORRA, MARI! VAI TOMAR SEU NO CU, FILHA DA PUTA! NÃO PARA DE FALAR PALAVRÃO.

24 horas.

Um dia inteiro sem palavrão... Vou deixar essa missão pra cumprir amanhã.

─ eu tenho uma mala aqui, a gente volta pra sua casa e pega outras roupas. Lá a gente compra seu creme.

─ minhas roupas, cara. MEU PIJAMA DE PINGUIM TÁ AQUI, AFOGADO NO CREME.

Acho que ele tá feliz, o pote do creme ─ estourado, soltando um líquido pastoso, branco ─ é azul, e está escrito "ice" no rótulo. Pinguins gostam de gelo.

─ coloca pra lavar lá, caso não der jeito, eu compro outro pra você.

Olho para ele por alguns segundos e abro um sorriso.

─ você é muito foda. Te amo!

─ eu sei, eu sei... Digo, obrigado por dizer o que já sei, Mariana.

Between Friends and Love ~ Mamonas AssassinasOnde histórias criam vida. Descubra agora