Cartas a um poeta do passado

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                                                                          Capítulo 12

                                                                             Rheene


Eu sonhei, e com isso, algumas memórias do passado... O sonho me levou a alguns meses atrás – seis.

Eu sabia bem onde eu estava. Meu quarto em Seatle – na minha pior fase -, ele se resumia a muitos cobertores, cortinas e roupas jogadas por todo chão, as mesas que eu tinha, que eram três, uma com meu computador, outra com maquiagens e outra com livros, todas amontoadas de roupas e quase imperceptíveis pela bagunça, restos de comida por toda parte e sujeira em todo lugar.

Minha visão flutuava pelo quarto, de um jeito estranho eu sabia que eu não era eu, eu não estava no meu corpo, não era a minha perspectiva, disso eu tinha certeza amais não sabia como. Me movi pelo quarto, com dificuldade por sinal. Então eu me vi... e sabia bem em que dia eu estava, e sabia quem eu era naquele momento.

Minh mãe, eu estava na perspectiva dela.

Ela – eu – caminhei com dificuldade em meio a bagunça, avistei meu corpo, deitado na cama coberta de bagunça. Eu não estava nada ansiosa pelo que estava por vir.

Mais alguns passos e ela chegou ao meu lado, eu podia sentir sua ansiedade pelas veias, estendeu sua mão para me tocar mais antes avistou duas cartas em cima do pequeno criado mudo ao meu lado.

Estavam exatamente onde eu deixei, exatamente como eu deixei. Feitos de folha sulfite branca e cola, lá estavam, minhas cartas de suicídio. Eram duas, uma para minha mãe e outra para Jacob.

Ela pegou os envelopes e abriu o que tinha seu nome escrito na frente com letra cursiva. O abriu e ao bater os olhos já entendeu tudo. Senti o desespero correr por meu corpo, uma agonia hipnotizante, que o quando mais doía mais eu queria sentir, mesmo que doendo.

Ela craquelava meu corpo, mas já era tarde, minha pele amendoada já estava pálida o bastante para me julgarem branca, eu não me mexia ou respirava.

Já era tarde.

Minha mãe correu até a porta, gritando Jacob, jake entrou no quarto e pude ver.

Talvez ele não me odiasse tanto assim. Talvez EU não o odiasse tanto assim.

Minha mãe tremia muito e foi de encontro novamente ao meu corpo, chorando e gemendo meu nome infeliz.

E então eu me lembrei do que rinha escrito na carta. E agradeço por nenhum dos dois terem aberto ela, e agradeço por não ter morrido – apesar de tudo.

                                                                           Rheene, 15 anos

                                                                 Seatle, Verão de 2015

                                                                 Cartas de suicídio.

De: Rhee

Para: Mamãe

Minha querida mãe, essa carta é para você, e sim, essa é uma carta de suicídio. Mae saiba que você é incrível, cada momento com você é eterno para mim. Sem mais nem menos, você sabe que depois daquele verão nenhum de nós fomos os mesmos. Sou fraca, e sou medrosa, o bastante para o monstro do luto me pegar para si.

Me perdoa mãe por ter medo, por ser fraca e um peso nos seus ombros, nos últimos meses, não tenho cumprido minha promessa, ser a filha que tanto prometi ser. Mae me perdoe. Aquela dor não passava, e nada passava. Eu só queria morrer, pelo físico, porque por dentro, morri junto com todos nos.

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⏰ Última atualização: Jun 08 ⏰

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