Desconhecido

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                                                                                 Capítulo XIX

                                                                                     Jacob

 Eu acordei com muita dor, frio e fome.

Eu sentia algo pesado em meu peito, me sufocava cada vez mais.

Sangue. Gosto de sangue. Por que estou sentindo esse gosto?

A flecha atingiu-me em cheio, atravessando minhas costelas. Quando eu vi aquela ponta saindo pelo meu corpo, mancando minha roupa, eu não me desesperei, não senti dor, não pensei em nada. Só escureceu. E eu acordei.

- Estou vivo... – sussurrei para mim mesmo.

Não sabia onde eu estava, mas estava completamente escuro, cheirava a mofo e não tinha ventilação. Eu forçava meus olhos a enxergar mais nada via.

Ouço passos, pesados, cada vez mais perto. Mas eu não enxergava, meus olhos abertos não enxergavam nada por mais de eu tentar. Aquele sentimento de pânico me invadiu, eu sentia todo o meu corpo parar lentamente, não tinha forças para nada, se eu tentasse me mover, certamente gritaria de dor, mesmo sem voz alguma em minha garganta. Cada lagrima que escorria pelo canto de meus olhos eram amargas como tudo o que já pensei em fazer.

A cada respirada, mais lagrimas saiam, a fadiga parecia doer mais do que a flecha, o mundo escuro se tornou mais submerso na escuridão, forcei meus olhos para voltar a ver mais nada acontecia. O que diabos eu estava fazendo ali...

Os passos pesados se tornaram mais perto, e mesmo deitado naquela superfície de metal. eu conseguia sentir que o indivíduo estava parado ao meu lado, o calor de seu corpo irradiava ao meu lado direito.

Um ruido, talvez uma porta se fechando, passos, mais passos, estão nos meus dois lados.

A minha voz sumira, e eu já imaginava coo eles me olhavam, olhavam um garoto parecendo um tomate molhado pela próprias lagrimas, me olhando confusos ou até mesmo com escárnio.

Eu estava a espera do pior, talvez se aproveitassem da minha cegueira e mudez, ou talvez... só talvez... seriam pessoas boas.

Um toque passou por meus cabelos e um calor reconfortante me sobrevoou.

- shiiiiii, se acalme

O sussurro fez efeito, foi como se eu flutuasse em nuvens de algodão doce, se isso realmente fosse 'possível. Aquela voz aveludada parecia madura e reconfortante, de um homem com certeza, as mãos ásperas me levaram a acreditar que usava muito as mãos.

Eu não tinha forças, fechei meus olhos e pensei em como me protegeria, se não conseguia ao menos mexer minhas mãos. Senti então algo no meu antebraço, como uma fita se amarrando a ele.

Estavam me prendendo.

Toda aquela calma foi em bora, do meu braço direito, ao meu braço esquerdo, até meus dois pés. Reuni minhas últimas forças para falar, amis nada saia além de engasgos cm a própria saliva.

- Por... por favor. – Súplicas saiam da minha boca, mais ninguém as ouvia.

Uma corrente de ar passou por meu nariz, cheiro de terra molhada.

- Eric! – a voz terna se tornou exigente, chamando quem quer q seja, isso não me foi estranho. – Me passe o livro.

- Sim, senhor.

Talvez um rapaz, tinha uma voz nova e amedrontada. Havia duas pessoas no ambiente.

Meu coração parecia uma bomba relógio, contando os segundos para explodir. As tentativas falhas de falar ajudavam nisso. Na tentativa de me acalmar, comecei a pensar sobre tudo que acontecera hoje, e como tudo foi uma doideira. Eu estava com medo. Mas estava indefeso e em menor número. Não podia fazer nada. E com uma bomba relógio no peito, se torna tudo mais difícil.

Castelo De Ouro - Os Dois ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora