Rastro dos Antigos Terror imensurável

Capítulo 5 - Pálida

      Após uma série de eventos estranhos e um desentendimento com Mia, Liu Mei encontrava-se isolada dentro do armário, perdida em seus próprios pensamentos. Por algum motivo, sentia que sua vida havia desmoronado. Essas coisas só iriam piorar, ela havia brigado com Mia, ela tomou uma série de ações e comportamentos que ela não conseguia reconhecer como sendo ela mesmo.

       Ela temia que Mia a odiasse, ou talvez tudo fosse um devaneio, e sua irmã nem sequer se importasse com o que acontecera. O fato de Mia não demonstrar preocupação indicava que talvez Liu Mei estivesse sozinha. Esses pensamentos angustiantes martelavam sua mente, ela se debatia com um turbilhão de emoções desconhecidas.

       No entanto, em meio às trevas emocionais, uma foto de sua família entre as lembranças antigas provocou uma pausa em seus pensamentos. A imagem fez com que Liu Mei reunisse um pouco de força para se reerguer.

     — Eu não posso acabar assim, como minha mãe, meu pai, Mia, como as pessoas da minha família vão ficar? — Enquanto Liu Mei secava as lágrimas, uma enxurrada de memórias e pensamentos a envolvia.

         As pessoas que ela amava, os sonhos que almejava realizar, tudo isso seria abandonado? Mesmo sem compreender plenamente o que estava acontecendo, Liu Mei reconhecia a necessidade de controlar a situação, ao menos para proteger sua família desses estranhos eventos.

        Uma sensação desconcertante revolvia-se em sua barriga, como se algo estivesse inquieto dentro dela. Ela segurou o abdômen, relembrando a cena perturbadora ocorrida mais cedo. Ela se indagou sobre o por que ela havia comido aquilo, talvez fosse instinto ou como alguma espécie de atração sobrenatural, mas só essa afirmação seria o suficiente? E se acontecesse de novo? O que ela faria?

        Ela começava a desvendar os mistérios que a cercavam. Tinha a sensação de que, de alguma forma, ela havia achado uma forma correta para lidar com os monstros. Talvez o segredo fosse simples: bastava consumir essas criaturas, No entanto, a ligação da criatura com Mia a fez hesitar. Seria possível que a criatura não a atacasse porque a reconheceu? Essa hipótese fez mais sentido na mente de Liu Mei por conta do incidente com aquele idoso mais cedo. O monstro dele foi o único a atacá-la. Seria porque não a reconheceu ou pela falta de visão? ou as duas opções.

        No entanto, Liu Mei não podia ignorar um fato crucial: enquanto Mia estava livre da ameaça, outra criatura permanece na penumbra, observando-as durante o sono. Estaria aquele monstro espreitando sua mãe? ela hesitava em presumir as intenções da criatura, mas a urgência de resolver a situação prevalecia sobre sua incerteza.

       Uma sensação de propósito impulsionava Liu Mei, como se um papel vital lhe tivesse sido confiado. Todos anseiam por se destacar aos olhos daqueles que amam, e proteger Mia e Fang era o compromisso mínimo que Liu Mei sentia em seu coração. Imaginar a expressão de alívio nos olhos de Mia ao descobrir o que aconteceu, enchia-a de motivação.

       Em meio à sua determinação, se deparava com uma dúvida crucial: por onde começar? A abordagem seria tão simples confrontar a criatura e arriscar algumas mordidas? Consciente de que a situação poderia se complicar e resultar em ferimentos, ou até mesmo na perda de sua vida, Liu Mei pensava sobre os desafios iminentes. Mas por hora o cansaço de uma noite mal dormida começava a pesar em seu corpo.

       Liu Mei deitou-se no chão do armário, utilizando uma pelúcia como apoio para sua cabeça. Removendo os óculos, ela fechou os olhos, buscando um breve cochilo para clarear seus pensamentos e assimilar as informações recentes. À medida que seu corpo relaxava, o cansaço se transformava em uma sensação reconfortante, fazendo com que o chão áspero se assemelhasse a uma cama macia.