Depois de todos os acontecimentos envolvendo aquela criatura, finalmente Dai e eu voltamos para casa. Assim que entramos, minha mãe nos olhou surpresa e um sorriso enorme se espalhou em seu rosto.
— Ai, meu Deus, onde ele estava? — Ela se aproximou rapidamente e abraçou Dai com carinho.
Dai ficou imóvel por um instante, parecendo desconcertado com a situação. Foi aí que me dei conta: as pistas que a cópia tinha deixado com Shen provavelmente se referiam ao Dai.
— Encontrei ele meio perdido, lá longe, depois do riacho — expliquei com confiança, fazendo alguns gestos para não levantar suspeitas.
— Tadinho... Da próxima vez vou garantir que o portão esteja bem fechado quando eu sair. Ele já está meio velhinho, mas normalmente cachorros sabem voltar para casa sozinhos — comentou ela, acariciando Dai enquanto ele finalmente relaxava.
Eu não sabia dizer o porquê, mas minha mãe parecia realmente ter um carinho especial por ele.
— Você deve estar com fome, né? Vem, vem, eu vou pegar... — ela começou a falar, mas eu a interrompi animada.
— Eu também tô com fome!—
—Não é pra você, Mei, você acabou de tomar café — ela riu e pegou um saco de ração, colocando-o na tigela de Dai.
Depois, pegou o cesto de roupas e anunciou que ia até o terraço estender algumas peças. Assim que ela saiu, fiquei observando Dai, percebendo que, finalmente, estávamos sozinhos. Eu podia tentar conversar com ele sobre o que tinha acontecido.
— Hmhm! — fiz um som com a garganta para chamar sua atenção.
Ele me olhou, confuso.
— Então... quer me contar o que rolou lá? Quer dizer, você tem poderes e tal, né? — perguntei, tentando soar casual.
Dai apenas continuou comendo, sem sequer me olhar, como se estivesse me ignorando.
— Qual é, você não precisa fingir! Eu já sei que você fala! — insisti, cruzando os braços.
Ele parou de mastigar por um momento e olhou para um ímã de geladeira em forma de burrinho. Depois, olhou de volta para mim com um olhar que, por algum motivo, parecia me chamar de... burra.
— Ah, SE LIGA! Se ficar com essa marra toda, eu te jogo na rua! Eu sou sua dona, quer você goste ou não, e você tem que me obedecer! — sibilei, tentando soar ameaçadora.
Ele finalmente parou de comer, mas ao invés de me responder, simplesmente caminhou até o seu canto de dormir e se deitou, claramente ignorando minhas palavras.
— Cachorro idiota... — murmurei, emburrada.
Foi então que minha mãe entrou novamente, carregando as roupas que tinha estendido.
— Sabe, Mei, acho que você merece ir naquele passeio com seus amigos! — disse ela, sorrindo.
— Sério?! — exclamei, surpresa.
— Sim! Você se esforçou muito procurando o Dai e acabou encontrando ele, então você merece uma recompensa — ela disse, satisfeita.
Abracei minha mãe, feliz, e agradeci. Dei uma olhada rápida para Dai, que me observava do seu canto. "Bem, pelo menos ele me conseguiu um passeio!", pensei comigo mesma.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela acrescentou:
— E você vai ter que contar para o seu pai sobre o passeio quando ele voltar para casa. Ele já deve estar chegando...—
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Rastro dos Antigos Terror imensurável
ParanormalA pequena Liu Mei Huang, uma estudante comum do ensino fundamental, vê sua vida transformada em caos ao começar a enxergar monstros que só ela pode ver. Com suas visões perturbadoras, Liu Mei busca respostas desesperadamente, tentando entender por q...