CAPÍTULO 04

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Hélio achou incrível viajar pelas sombras

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Hélio achou incrível viajar pelas sombras. Em um minuto, ele não conseguia ver nada. Só conseguia sentir o pêlo da Sra. O’Leary e seus dedos entrelaçados nas correntes de bronze de sua coleira.

No minuto seguinte, as sombras se transformaram em uma nova cena. Estavam em um penhasco nos bosques de Connecticut. Pelos menos, parecia Connecticut pelas poucas vezes que esteve lá; muitas árvores, muros baixos de pedras e casas enormes. Na base de um dos lados do penhasco, uma estrada cortava por entre um desfiladeiro. Do outro lado havia o jardim de alguém. A propriedade era grande — mais deserto do que grama. A casa colonial era branca e tinha dois andares. Mesmo a propriedade sendo do outro lado da colina da estrada, era como se a casa estivesse no meio do nada. Hélio podia ver uma luz brilhando pela janela da cozinha. Um velho balanço pendia debaixo de uma macieira. 

Hélio viveu em uma fazenda ou no acampamento por toda a sua vida. Se aquela era a casa de Luke, ele se perguntou por que ele quis ir embora.

A Sra. O’Leary cambaleou. Hélio se lembrou do que Nico havia dito sobre as viagens pelas sombras cansá-la, então desceu de suas costas. Ela soltou um enorme bocejo cheio de dentes que teria assustado até em um T-rex, depois rodou em círculo e caiu tão pesadamente que o chão tremeu. 

Nico apareceu bem ao seu lado, como se as sombras tivessem escurecido e criado-o. 

Ele cambaleou, mas Hélio segurou seu braço. 

— Estou bem — ele falou, esfregando os olhos. 

— Como você fez isso?

— Prática. Dei de cara com paredes algumas vezes. E fiz umas poucas viagens acidentais para a China.

A Sra. O’Leary começou a roncar. Se não fosse pelo barulho do tráfego atrás deles, ele tinha certeza que ela teria acordado toda a vizinhança. 

— Você vai tirar um cochilo também? — perguntou Hélio a Nico. 

Ele balançou sua cabeça. 

— A primeira vez em que viajei pelas sombras, eu dormi por uma semana. Agora só me deixa um pouco sonolento, mas não consigo fazer isso por mais de uma ou duas vezes por noite. A Sra. O’Leary não vai a lugar nenhum por um tempo.

— Então conseguimos passar um bom tempo em Connecticut. — Hélio olhou para a casa branca colonial. — E agora?

— Tocamos a campainha — Nico disse.

Se Hélio fosse a mãe de Luke, não teria aberto sua porta no meio da noite para duas crianças estranhas. Mas ele não tinha nada a ver com a mãe de Luke. 

Ele soube disso antes mesmo de chegarem à porta. A calçada era rodeada por aqueles bichinhos de pelúcia que você vê em lojas de presente. Havia miniaturas de leões, porcos, dragões, hidras, até mesmo um pequeno Minotauro enrolado em uma pequena fralda de Minotauro. Julgando pelo seu triste estado, os bichinhos de pelúcia deveriam estar sentados ali já há um longo tempo — desde que a neve derreteu na última primavera, pelo menos. Uma das hidras tinha um ramo nascendo entre seus pescoços. 

𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎 𝐃𝐄 𝐀𝐏𝐎𝐋𝐎❟  𝖯𝖾𝗋𝖼𝗒 𝖩𝖺𝖼𝗄𝗌𝗈𝗇 Onde histórias criam vida. Descubra agora