capítulo 6 - EXTRA 1

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Recordações 1

Se não limpar bem vai embora, se algo sumir vai embora, se algo quebrar vou te matar, se desaparecer dinheiro ou qualquer objeto de valor vou te encher de porrada até que fique irreconhecível,
entendeu?— O velho falou com firmeza, intimidando o garoto que baixava o olhar ao solo, buscando não encará-lo, o jovem assentiu, com medo.—Se machucar o meu neto eu... 

—Vovô, não é um criminoso.— falou com timidez, o garoto para suas costas.—Não acho que fará nada de ruim. 

—Não o conhecemos, como sabe se ele não é? Deixei que passasse a noite aqui, só para que não servisse de comida dos malditos escuros. 

Mingyu voltou a esconder-se, assustado ante o olhar acusatório do ancião. Havia chegado noite anterior, e ficou dormindo em um dos sofás passando um pouco de frio, mas de longe era melhor que ficar lá fora, com medo e com a incerteza de viver. Pela primeira vez dormiu um pouco mais tranquilo, melhor que no chão e menos frio que as ruas, com silêncio tranquilizador, conseguiu dormir bem depois de muito tempo. 

O ancião frente a ele era o pior que já lhe havia acontecido, claramente aterrorizante, mas o garoto que abriu a porta dava-lhe uma sensação de segurança, apesar de ter comprovado terem a mesma idade sentia-se um tanto protegido, ele mantinha a ameaça do avô um pouco mais longe. Inclusive mandou um sorrisinho.

—Farei o melhor que puder.—Disse voltando a agradecer. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o mais velho se foi, deixando-o com o garoto que havia aberto a porta na noite anterior.—Obrigado. 

—Não podíamos te deixar lá fora.—Disse. Com a  voz mais calma e um sorriso no rosto. Um lindo sorriso.—Me chamo Minghao. 

—Mingyu... 

Antes de que pudesse dar-se as mãos, o ancião deu grito do qual Minghao respondeu de imediato. Mingyu ficou vendo ele se afastar, sentindo um pouco de esperança do menino magro. Concentrou-se no seu novo emprego que consistia somente em limpar, limpar até que algo de bom aconteça em sua vida, depois de tudo de ruim que aconteceu. 

Desde então encarregou-se de manter limpa a biblioteca, cada brecha e até cada pequeno lugar, estava sendo limpo, mantendo-se sempre ocupado sob o olhar vigilante do avô, analisando cada passo que dava. De vez em quando cruzava palavras vagas com Minghao, sempre limitadas porque o eco era muito alto e o ancião os repreendia se os encontrassem jogando conversa fora, apesar de que estivessem trabalhando. 

E duas semanas depois a porta de abriu denovo, dessa vez com um murro, Mingyu levantou o olhar que estava concentrando no móvel que limpava e Minghao também virou para ver, ambos assustados pelo som, o avô entrou com raiva, fazendo com que Mingyu saísse do caminho sem nem duvidar. 

—Já aguento o suficiente só com dois, não quero um terceiro.— Gritou o senhor, atrás dele uma mulher entrou, bastante irritada.— E muito menos uma quarta. 

—Tenho direito a esta propriedade!—Falou quase gritando.—Meu marido...! 

—Já basta de uma vez com isso!— Gritou o ancião dando meia volta e encarando a dama. Respirou fundo.—Temos somente um quarto, no segundo piso. Nem sequer eu vivo aqui, se conseguir acostumar, o teu pentelho inútil pode ficar aqui, se não, os dois vão tá na rua juntos. E se ficar, não vai ser de graça. 

A mulher não pareceu convencida, mas concordou mesmo assim. Um garoto apareceu por detrás da porta, estava com medo, assustado com a discussão. 

—Seokmin, tesouro, traga suas coisas, você vai ficar aqui. 

Minghao aproximou-se logo do medroso e lhe ajudou a entrar, transmitindo a mesma sensação de conforto que deu a Mingyu, e com o mesmo lindo sorriso. Seokmin aceitou qualquer ajuda que Minghao oferecesse, com uma cara de bobo apaixonado o tempo todo. 

O menor dos três acharia engraçado se soubesse hoje em dia, que ambos estiveram um pouco caidinhos por ele no começo. Com o pequeno problema de que ele sempre soube, e adorava dá fora neles.

Oscuro - [SEVENTEEN] |TRADUÇÃO PT-BR|Onde histórias criam vida. Descubra agora