Capítulo 13

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XXXI

Estando de pé frente à ponte destruída, não sentia nada mais do que uma estranha sensação de pertencimento, algo que lhe dizia que aquele era o seu lar, o seu caminho interrompido e perdido no mar. Não se lembrava de ter atravessado um lugar assim, nem sequer se parecia com as ruas que correu para alcançar o carro do pai, mas de alguma forma estava conectado.

Inspirar o ar fresco da manhã já não era o mesmo há cinco meses; agora o aroma era diferente, uma mistura da humanidade desesperada e da natureza proclamando seu território. Era curioso, porque cheirava como o campo, e era tão familiar que começava a duvidar de que toda a sua vida tivesse se desenrolado em uma cidade cinza.

— Mingyu, não fique para trás. 

A voz de Minghao o chamou de longe, observando-o à beira da queda, nos escombros esquecidos da ponte. Ele se virou quando seus pés tocaram novamente a terra e pôde ouvir o grasnar das gaivotas. Ajustou seu casaco, lembrando que a temporada de inverno estava prestes a começar, e se virou, exalando o vapor de seus lábios, sentindo o ar frio bater contra sua pele.

Caminhou até Minghao, ouvindo Seokmin reclamar e tremer, encolhendo-se contra o mais jovem, buscando uma zona quente para se abrigar.

Por que tudo parece tão novo?

A escuridão se aproximava no horizonte, consumindo a água e o céu pouco a pouco, anunciando sua chegada com sigilo. Fechou os olhos enquanto caminhava com seus dois amigos, ouvindo-os falar de trivialidades, recuperando a calma depois da tempestade.

Os olhos verdes de uma criança não saíam de sua memória, embora ele não os encontrasse mais todas as noites, esperando-o com ansiedade. Não o via mais fora da biblioteca, conversando e tagarelando. De alguma forma, ele sentia falta, queria saber o que havia acontecido com o garoto, como ele estava, como se sentia. Queria saber se ele havia crescido um pouco nestes últimos meses.

— Você não está feliz? — Perguntou Seokmin ao seu lado, segurando-se em seu braço para se apoiar. — O avô te deixou no comando de tudo. Da biblioteca, das contas, dos lucros, do Minghao, dos livros, de mim. Tecnicamente, você é nosso chefe.

Mingyu observou a figura esguia de Minghao, que caminhava seis passos à frente deles, com uma tranquilidade magistral. Lembrava-se da noite em que o avô lhes anunciou que deixaria tudo para se concentrar em sua vida, no que restava dela, e trouxe à memória quando ele o deixou no comando, em vez de Minghao, que era seu verdadeiro neto.

"Minghao não é tão idiota quanto você e Seokmin, mas ele não consegue trabalhar sob estresse. Seu caráter é muito fraco. Se eu deixar a biblioteca para ele, os malditos oportunistas virão para comprar o terreno. E se eu deixar tudo para Seokmin, ele levará este lugar à falência de alguma forma, então só me resta você, que é um inútil... Mas é o indicado para ficar no comando. Cuide bem dos seus irmãos."

A última coisa que o avô disse deixou claro para Mingyu a gravidade da situação. O avô começava a se enfraquecer pela idade avançada, o que se mostrava na falta de controle sobre suas palavras, misturando-as com a verdade dentro dele. Mas aquele último pedido foi o que o fez se sentir imensamente feliz.

O avô o considerava como um de seus netos. Ele e Seokmin.

— Estou feliz. 

Um vazio se formou em seu peito, chamando, com curiosidade, por uns olhos âmbar.

XXXII

Os murmúrios nas vias subterrâneas ficavam cada vez mais fortes ao redor de Wonwoo, questionando seus passos, suas ações, suas palavras. Não havia lugar para onde ele pudesse correr, nem onde pudesse se esconder. Desde que Woozi colocou seus olhos azuis sobre ele, Wonwoo sequer conseguiu respirar com tranquilidade.

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⏰ Última atualização: Oct 24 ⏰

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Oscuro - [SEVENTEEN] |TRADUÇÃO PT-BR|Onde histórias criam vida. Descubra agora