capítulo 12

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XXIX

A partir de agora, sem mais segredos.

Isso foi o que eles prometeram entre as prateleiras com livros velhos, em um sussurro que convenceu a todos sobre a sinceridade das palavras. Sem mais mentiras, nem segredos entre nós, sem mais mistérios. Qualquer coisa que aconteça será assunto dos três, sem exceção a essa regra tão valiosa. E se ela não fosse cumprida?

— O nome dele é Wonwoo — confessa Mingyu, sob o olhar atento de seus dois amigos. A escuridão havia consumido a cidade há poucos minutos, e eles ainda estavam acordados, sob a proteção da biblioteca com as luzes apagadas, mantendo-se seguros apenas com uma lâmpada no meio dos três. — Ele tem um filho pequeno chamado Vernon.

— Depois de tudo que passamos com aquelas crianças Escuras?! — grita Seokmin, esquecendo-se do eco assustador que as paredes produziam. — Mingyu, foi perigoso, e nós nem sabíamos!

— Eu sei! Mas o Vernon é diferente! Ele nunca...

— Nunca te comeria? Ele nunca te mataria, apesar de ser um escuro? — interrompeu Minghao, com irritação. — Ele é um escuro, não devemos ter compaixão deles. Essas coisas só sabem perseguir e matar.

O olhar de Minghao é pesado sobre ele, esperando que Mingyu abaixe a cabeça e aceite seu erro, mas Mingyu não faz isso. Ele se mantém firme, processando tudo o que jura que aconteceu, lembrando-se da voz de Wonwoo expondo seu ponto de vista.

Os escuros só matam humanos, isso é algo bom? Talvez não para eles, mas os animais podem viver tranquilos enquanto suportam o frio, eles podem correr pelas ruas no meio da escuridão sem se preocupar com as bestas gigantes. Deveria dizer isso a Minghao? Talvez não, porque, afinal de contas, eles fazem parte dessa minoria afetada pelos escuros.

No entanto, Vernon não seria capaz de matar uma pessoa. Sim, ele o viu comendo o cadáver de uma mulher, mas ainda assim, duvidava que o pequeno tivesse sido o causador da morte; ele só estava se alimentando. Soava mal até tentando minimizar, mas Mingyu defenderia o menino com todos os argumentos que tivesse.

— Vernon...

— Pare de dar nome para a porcaria de um Escuro! — Mingyu e Seokmin recuam, talvez pela surpresa de ouvir a voz de Minghao tão profunda. — Não me importa se você tomou chá ou brincou de bonecas com essas malditas bestas. Essas coisas deveriam ser queimadas e desaparecer, até mesmo suas crias malditas!

Embora Minghao tremesse, suas mãos finas balançavam quase imperceptivelmente diante dos olhos atentos dos dois garotos. Não era pelo nervosismo do momento, nem pelo pouco frio que fazia dentro da biblioteca. O rosto avermelhado do mais novo é coberto por seu braço direito. Ele deixa a tensão de lado e se levanta para caminhar até sua cama, deitando-se sem dizer mais nada.

Seokmin e Mingyu se olharam em silêncio, mantendo uma conversa estranha, um debate mudo que os dividia entre ir e falar com o mais novo ou deixá-lo descansar. Seokmin tomou a decisão, caminhando até a cama de Minghao e sentando-se ao lado, seguido por Mingyu.

— Me deixem dormir — murmura o mais novo, com o rosto enterrado entre os travesseiros.

— Você está bem? — pergunta Mingyu, notando que o leve tremor ainda estava ali. — Você não parou de tremer.

— Não vamos falar sobre isso hoje, estou cansado.

— Temos que falar sobre isso hoje — insiste Mingyu, recusando-se a deixar o assunto por medo de que depois seja evitado ou adiado. — Se algo acontecer com você...

— Mingyu, algo já aconteceu, e eu não quero lembrar disso.

Seokmin ficou sem palavras, olhando para Mingyu, esperando que ele continuasse para não deixar a dúvida no ar.

Oscuro - [SEVENTEEN] |TRADUÇÃO PT-BR|Onde histórias criam vida. Descubra agora