moldura

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Você era minha moldura.
Eu só conseguia ser uma obra completa com você.
Depois que nosso criador nos fez, juntos nos colocou.
A moldura e a tintura.
Minha arte era abstrata.
Era complexa.
Mas para você, a complexidade nunca fora bela.
Só era feia, estranha sem manha.
Você se esforçava para me entender.
Para enxergar uma arte, qualquer traço de arte, naqueles rabiscos.
Com o tempo, nosso criador me esqueceu.
E num sótão nos prendeu.
Agora estávamos sozinhos.
Éramos um do outro
Mas minha tinta foi perdendo a cor.
E você seu amor.
Se é que um dia o tivera.
Logo logo, já não estávamos mais sós.
Agora naquele sótão, havia outras molduras e suas tinturas.
Até o que nos unia.
Fazer você cair.
A cola já não mais nos unia.
O nosso amor já não era o bastante para nos unir.
Só iludir.
Eu tentava te colocar em mim novamente
Mas não tinha braços.
Nem sequer mãos.
Nosso criador chegou e finalmente, definitivamente, nos separou.
E nunca mais juntou.
Mas, de alguma forma, eu sentia que eles nos libertou.
Com o tempo virei apenas uma tela em branco.
Minha arte já não era mais a mesma.
Então nosso criador novamente me pintou.
E com outra moldura me colocou.

a mente de um poetaOnde histórias criam vida. Descubra agora