Rasgo-me em busca de meu coração.
Para ver se ele realmente pulsa dentro de mim.
Eu nunca senti suas batidas.
Seu sentimentos, ou sua agonia.
Será que eu tenho um coração?
Eu não sei nem onde ele está.
Então começo a simplicidade tudo cortar.
Minhas pernas, meus braços, minha cabeça e minha barriga.
Eu não acho órgão algum.
Aqui não nem sequer um pulmão.
Quem dirá um coração?
Então como eu vivo?
Eu não tenho um coração.
Não tenho um pulmão.
Não tenho tripas ou algo do tipo.
Meu corpo assim como a minha alma, é totalmente vazio.
Você deve estar se perguntando, onde estão os ossos.
Bom, eles não existem.
Como eu disse assim que me rasguei e meu corpo cortei, não vi nada absolutamente nada.
A única coisa que eu vi foi carne apodrecida, decomposta.
Por que ainda estou viva?
Isso não faz sentido.
Eu não entendo...
Não há nada o que sentir, não há nada o que se orgulhar, não há nada para mostrar.
Não há nada para rasgar.
Em busca de algo eu me apavoro e começo a procurar.
O que estou procurando afinal?
Algo.
Alguém.
Algo, algo que prove que sou humana, algo que prove que não sou quem me engana.
Alguém, alguém para me dizer que irá ficar tudo bem e que não há o que temer.
Tudo o que acho é sangue.
Então começo o beber.
Bebi o desesperadamente e compulsivamente até ele causar em mim uma enchente.
Eu começo a me afogar e não ter mais nada para desfrutar.
Eu deixo-me morrer.
Afinal, quem disse que um dia eu quis viver?
Na minha própria poça de sangue eu me afogo e quase morro.
Até uma mão pra mim se estender.
Eu a agarro com toda a força que ainda me resta.
Você me puxa para fora sem deixar réstia.
Eu te olho.
E vejo que você é a versão de mim que eu perdi.
Eu começo a chorar e a ti abraçar.
Assim o meu vazio se juntou com o seu e juntos formemos um só.
Quando eu me olhei por dentro agora eu tinha órgãos, tinha um coração, um pulmão e o mais importante, uma alma.
Meu coração se acoheca em si próprio e minha alma o abraça.
Graças a ti agora tenho a mim.
Graças a ti agora sei aonde devo ir.
Graças a ti sei que devo prosseguir.
Agora eu vivo.
Graças a ti.
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a mente de um poeta
PoesíaSão textos que escrevo por puro hobbie mas prendendo fazer deles algo um dia :) (Já peço perdão pelos erros de ortografia)