escuro

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No escuro eu me escondo.
No escuro eu te encontro.
Após milênios sozinha deste vazio sem fim e na escuridão que há em mim, você veio a minha procura.
Depois te milênios esperando, meu corpo já estava se decompondo.
Você entrou naquele vazio, naquela escuridão por mim.
Só pra mim.
Tudo estava perdido.
Até eu sentir seu toque.
O toque de sua pele em mim.
Você me abraçou e comigo chorou, por finalmente me reencontrar e poder voltar a me amar. (Você nunca deixou.)
Então você me tira do escuro, mas me leva a outro.
Porém tem um pouco de luz.
Você a chama de a luz do luar.
Eu a achei extremamente bela e não deixei de a apreciar.
Até você minha face arrancar.
Você nunca tinha visto meu rosto você só o sentia, você nunca o colidia.
Ao ver meu semplante, feio, desorganizado e decomposto você se apavorou, se assustou, e então me abandonou.
Você achou que me amava.
Mas você não tinha visto, muito menos enxergado minha face.
Você nem sequer sabia que ela existia.
Mas você me amava.
No escuro.
Mas você me amava.
Você me sentia, me fazia sentir viva com seu toque, mas eu nunca a vi.
Você nunca me viu.
E quando viu minha pele decomposta a assustou.
Mas eu sempre dizia e repetia.
Eu queria ser limpa.
Queria ser pura.
Queria ser vista.
Vista por você.
Assim que você se foi, começei a arrancar minha pele, camada por camada, parte por parte.
Eu não queria aquela face imunda.
Eu queria ser pura.
Assim que a luz do sol nasceu, eu me assustei pois queria a luz do luar, que me lembrava você, que um dia já fora a luz da minha vida.
Então, eu com medo do sol, voltei as origens.
Voltei ao escuro.
Ao meu esconderijo.
Ao meu vazio.
Meu lar é escuro.
Minha mente é escura.
E eu sou a mais pura escuridão.

a mente de um poetaOnde histórias criam vida. Descubra agora