O desabafo da imperatriz.

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NARRADO POR MARIA MARTA:

Assim que o Josué se retirou não consegui  conter as lágrimas que rolavam pelo meu rosto, me desabei no choro e quando olho para trás me bate o arrependimento ver ele deitado ali me fez lembrar dos 30 anos no qual passamos juntos das conversas, das noites de amor, dos segredos compartilhados, do modo como éramos cúmplices entre tantos momentos juntos, foi impossível tentar conter as lágrimas que a essa altura caim como cascatas, me fez ver que nem sempre foi só humilhações e brigas, tivemos momentos muito felizes e marcantes.

Me aproximo cuidadosamente da cama paro aos seus pés eu precisava falar mesmo que ele não escutasse toda dor que estava sentindo, ele precisava saber o quanto avia me machucado mais eu sei que se não for assim e ele nunca irá me ouvir então apenas começo a falar tudo o que tenho guardado pra mim durante todos esses anos :

   - Aí Zé, nós poderíamos ter tido tudo, eu te amei muito, lutei tanto por nós dois até perceber que não tinha nós dois então desisti de nós, desisti de você. Afinal quem ama também desiste, desisti quando percebi que não se pode amar por dois, desisti quando entendi que onde não há reciprocidade, não vale a pena ficar, desisti quando compreendei que apenas o amor não era suficiente e que é preciso de comprometimento e vontade de fazer dar certo de ambas as partes não apenas de uma delas. Quem ama também desisti depois de tanto insistir e machucar o próprio coração, desisti depois de cansar de lutar por alguém que não faz por merecer tanto amor, desisti depois que aprendi que se pra amar alguém a gente tem que se amar menos, não é amor de verdade. Quem ama também desiste do outro, mas jamais de si mesmo, desisti da esperança de que algo mude, pois entendi que só vivemos com a realidade e não com a ilusão de como as coisas poderiam ter sido. Acredite, quem ama desiste por que chega um momento em que é preferível partir, mesmo ainda existindo amor, do que permanecer buscando sentimentos onde só se encontra espinhos para o coração, aprendi que quem ama desisti do que dói, pois é válido desistir de quem nós machuca como você me machucou, a gente só não pode desistir de nós mesmo. ( Faço uma pausa, me sinto sufocada, mas preciso falar para quem sabe assim parar essa dor insuportável no coração.)
  - Descobri da pior forma possível que a pior parte de se amar alguém é quando você precisa dizer adeus mesmo querendo ficar. Durante esses anos descobri que às vezes achamos que é o fim do mundo, mas é um recomeço. De vez em quando sentia que havia perdido o chão mas na verdade eu estava apenas aprendendo a voar novamente, vez ou outra me sentia perdida como se tivesse me esquecido de quem eu era, de quem eu tanto orgulhava em dizer que era inabalável mais aí eu descobri que isso era apenas uma desculpa esfarrapada para esconder uma pessoa que foi machucada de várias formas e teve seu coração quebrado em mil pedacinhos por quem ela mais amou, mas Deus Me mostrou que existia e existe outro caminho, outras oportunidades de ser feliz, de conhecer pessoas novas, de encontrar novos rumos, outras experiências, novas vivências. Aprendi que nem toda perda é uma derrota, que nem todo dia ruim é ruim mesmo. Observei atentamente todas as vezes que achei que tinha perdido, então percebi que na verdade abriu espaço para coisas melhores. Aprendi também que quando não é pra ser seu, se afasta. O que é pra ser seu se aproxima, pude finalmente entender o ciclo da vida. Neste tempo em que nos divorciamos percebi que há dias que doem mais que outros, dias em que me sinto insuficiente emocional, dias em que me levanto da cama mas meu coração permanece lá, adormecido. Descobri que às vezes não é preciso enxergar o mundo, amar você foi uma das melhores e piores coisas na minha vida. Você foi o amor da minha vida, mas também foi a pessoa que destruiu ela. ( Assim que termino de dizer tudo no qual estava entalado em minha garganta por anos, sigo em direção ao banheiro, lavo o rosto, sigo em direção ao closet, afinal preciso estar apresentável pra o almoço.)

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NARRADO POR MIM.

O que marta não sabia é que seus três filhos e sua enteada estavam na porta ouvindo seu desabafo e só então eles puderam realmente entender o quão forte é Maria Marta de Medeiros de Mendonça e Albuquerque, clara que sempre culpou sua mãe pelo divórcio chorava inconsolável, o arrependimento de passar cinco anos longe de sua mãe por apenas não querer acreditar que a culpa era de seu pai.

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