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"Caso indefinido"
🇧🇷 ⁰⁸/⁰⁹

Tᵒᵇᶦᵒ

  Depois que você sofre algumas decepções amorosas, você passa a não acreditar mais no amor. Até que surge alguém que pode mudar tudo, mas nem sempre é pra melhor.

  Já faz mais ou menos duas semanas que eu não converso com o Hinata.

  Toda aquela cena que eu vi naquela maldita festa me quebrou por inteiro, mas também me trouxe de volta a realidade, afinal, eu e ele não temos nada, isso não deveria ter doído tanto, levando isso em consideração, mas eu não sei o motivo daquilo ter me abalado tanto assim.

  — Filho, você não quer descer para almoçar comigo? O seu pai não está em casa agora... — a voz da minha mãe ecoou por trás da porta do meu quarto, me fazendo suspirar fundo e me sentar na cama, que eu estava deitado até agora.

  — Não, estou sem fome — passei a mão no meu cabelo enquanto fechava os olhos, em uma tentativa falha de ter o mínimo de disposição para pelo menos pegar o celular da cabeceira da cama.

  — Mas, querido, já faz um tempo que você não está comendo direito, tem algo de errado? Eu posso entrar? — o barulho da maçaneta se mexendo de leve fez com que eu soltasse uma confirmação baixa, antes que a mulher entrasse no meu quarto me encarando de maneira séria.

  — Eu estou bem, só não estou com fome, mãe — a mulher ainda me encarava desconfiada, enquanto se aproximava e se sentava ao meu lado na cama.

  — Tobio, eu conheço você, tem algo de errado sim — eu continuei quieto, agora olhando para o chão do meu quarto — eu estou falando com você, vai me explicar o motivo de todo esse desânimo ou não?

  — Eu já disse que não é nada! — meu tom de voz se alterou um pouco, logo em seguida eu peguei o meu celular e dei uma olhada na central de notificações.

  Trinta ligações perdidas, cento e cinquenta mensagens no instagram e cinquenta mensagens no whatsapp, todas do Hinata. Minha garganta deu um nó, então eu desliguei o celular e senti os meus olhos começarem a embaçar, meus batimentos estavam começando a acelerar e a minha respiração estava irregular.

  Eu estava vazio, me sentindo mal e quase sem ar, meu peito doía e os meus olhos lacrimejavam cada vez mais, me fazendo abaixar a cabeça e apoiar os cotovelos nas minhas pernas.

  — Tobio... — a única coisa que eu escutei foi o meu nome sendo dito pela minha mãe, e logo em seguida senti ela colocar o seu braço nas minhas costas, acariciando de leve ali — eu não sei o que está acontecendo, mas eu estou aqui, tá? — essas últimas palavras dela me fizeram desabar por completo.

  Escutar a minha mãe demonstrar o mínimo de afeto por mim é algo tão diferente, ainda mais quando as únicas coisas que saem da boca dela são xingamentos ou frases falando o quão decepcionada ela está comigo, mas dessa vez, ela parece realmente se importar com os meus sentimentos.

  Eu realmente não sei de onde veio toda essa comoção que ela está demonstrando por mim, mas talvez a briga que ela teve com o meu pai ontem seja um bom chute para essa mudança de humor repentina dela.

  As brigas já eram rotina aqui em casa, mas ontem realmente parece ter sido algo mais intenso, já que até o vaso favorito da minha mãe foi jogado na parede ontem pelo meu pai. Paz é algo realmente impossível de existir nesse inferno.

  Minha situação está deplorável, eu estou chorando igual uma criança agora. Posso sentir o meu corpo inteiro tremer e a minha respiração acelerar, que merda!

𝗚𝗮𝗿𝗼𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗜𝗽𝗮𝗻𝗲𝗺𝗮; 𝘒𝘢𝘨𝘦𝘩𝘪𝘯𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora