𝗚𝗮𝗿𝗼𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗜𝗽𝗮𝗻𝗲𝗺𝗮; 𝘒𝘢𝘨𝘦𝘩𝘪𝘯𝘢

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"Te assumi pro Brasil"
🇧🇷 ³¹/¹²

Sʰᵒʸᵒ

Quando nego meu amor por você, estou apenas escondendo a verdade: te amo profundamente e temo confessar o quanto estou em tuas mãos. Tento me afastar e me defender, mas acabo me entregando, contradizendo minhas próprias palavras. Estou cansado de disfarçar, pois a verdade é que preciso de você mais do que qualquer coisa. Quero acabar com as mentiras e admitir que te desejo intensamente, esperando que você também confesse que sente saudade e ainda pensa em mim, desejando viver essa paixão ao meu lado.

São quatro e meia da manhã e eu ainda não consegui dormir. Desde que tive minha última conversa com Tobio, há três meses, não consigo descansar direito. Já é trinta e um de dezembro, o fim de mais um ano, e a única coisa em que consigo pensar é o quanto queria que ele estivesse aqui comigo agora.

Eu não consigo ficar com ninguém desde que Kageyama disse que eu havia o perdido. Isso doeu tanto, mas me motivou a mudar e tentar ser uma pessoa decente para ele. Mas, caramba, está me machucando tanto ficar longe dele por todo esse tempo. Minha vida parece tão triste e vazia. Eu só queria beijá-lo mais uma vez.

Lembro-me do dia que a gente se falou. Suas palavras ainda ecoam na minha mente: "Você já me perdeu, Hinata. Talvez um dia eu possa te perdoar, mas agora eu preciso de distância." Sinto o peso dessas palavras toda vez que fecho os olhos. Tento me distrair com o trabalho, com amigos, mas nada parece preencher o vazio que ele deixou.

Enquanto estou deitado na cama, olho para o teto, tentando afastar os pensamentos que me atormentam.

  A escuridão do quarto só intensifica a sensação de solidão.

Levanto-me devagar, sem fazer barulho, e vou até a janela. A favela está quieta, com apenas algumas luzes piscando ao longe. Penso em como tudo poderia ser diferente se ele estivesse aqui. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, mas não a limpo. De alguma forma, essa dor me faz sentir mais próximo dele.

Eu sabia que não seria fácil superar Tobio, mas não imaginei que seria tão difícil. Eu sei muito bem que quem errou feio nessa história foi eu, mas carregar essa dor está acabando comigo. Isso, pelo menos, é algo positivo que posso levar adiante.

Suspirando, fecho os olhos por um momento e faço um desejo silencioso para esse último dia do ano: que, de alguma forma, eu encontre a paz que tanto procuro, e que, de preferência, seja com Tobio ao meu lado.

Fico ali por um tempo, olhando a escuridão do Vidigal, perdido nos meus pensamentos. A saudade de Tobio é uma presença constante, uma dor surda que não consigo afastar. Volto para a cama, me encolho debaixo de um lençol fino e tento encontrar um pouco de consolo no calor do meu próprio corpo, mas infelizmente, falho miseravelmente nisso.

Os minutos passam devagar, e quando os primeiros raios de sol começam a aparecer no horizonte, decido que é hora de me levantar. Levanto-me da cama, meus movimentos lentos e pesados, e me dirijo ao banheiro.

Levei a mão no interruptor da luz para acender, mas não foi isso que aconteceu.

— Porra, essa merda quebrou? — sussurei irritado, persistindo em tentar ascender a luz.

Até que eu lembrei o possível motivo para a luz não acender: eu, um homem super inteligente, não paguei as últimas três contas de força desses meses. Provavelmente cortaram a minha energia.

Bem, é nisso que dá eu ter me endividado pra pagar a porcaria da moto que eu comprei, uma CG 160 Cargo, que eu parcelei em umas vinte e quatro vezes. E agora todo mês eu tô passando o maior sufoco pra pagar ela e manter a casa, dois salários mínimos não dão pra porra nenhuma mesmo.