UTOPIA: A caminho do sol

O dilema do garoto gato entre família e amizade

O sol ainda estava fraco, mas Yunjin já estava de pé, como sempre. Tinha acordado cedo e preparado o café da manhã para seus pais no hotel, pois gostaria de ter um momento a sós com eles antes de partir. De fato, estava tão ansiosa por sua viagem que mal tinha conseguido dormir. Sendo assim, os três dividiram um bolo de maçã enquanto bebiam café e falavam sobre o futuro. Seu pai recomendou que tomasse mais cuidado do que qualquer outra pessoa; afinal de contas, era um Tenebris e não podia ser descoberta por um soldado do rei. Sua mãe lhe deu alguns lenços para usar no pescoço, pediu que se cuidasse para não pegar um resfriado e a deixou ir com o "coração na mão".

Assim como sempre, foi difícil tirar Riki da cama. Jungwon já estava pronto, parado na porta do quarto com a mochila nas costas, enquanto via Toto arrastar o pirata pelos tornozelos para que saísse da cama. A única coisa que o convenceu a se levantar foi o cheiro de café que vinha do restaurante do hotel.

Já era por volta das dez da manhã quando Yunjin se despediu de seus pais e o quarteto rumou até o porto. Jay tinha dito que iriam viajar de carona no navio de umas garotas, então não foi difícil descobrir qual era o navio delas: tinha lábios vermelhos gigantes desenhados na vela branca. O espadachim já estava por ali, ajudando a carregar uma porção de caixas com mantimentos e objetos pessoais das garotas para abastecer o navio. Assim que os viu, ele acenou com a mão.

— É um navio pequeno, mas parece ser legal. — Riki o avaliou. — Seria perfeito para um grupo como o nosso. Ei, será que a gente consegue roubar?

Toto, Jungwon e Yunjin o encararam incrédulos.

— Eu vou trocar a vela por algo melhor, prometo! — Ele cruzou os braços e deu uma risadinha.

Naquele momento, três garotas apareceram. Elas se vestiam da mesma forma; o único que mudava era a cor de seus vestidos: um era rosa, o outro azul e o último, amarelo. Todas pareciam ter, no máximo, uns vinte e cinco anos e, obviamente, eram ricas. Só famílias abastadas conseguiam comprar navios hoje em dia, mesmo os pequenos assim.

— Pessoal, essas são as minhas amigas: — Jay deu um salto da escada do navio até o píer e apontou para o trio. — Berry, Mary e Cherry!

Yunjin e Jungwon arregalaram os olhos da mesma forma. Como podia ser que, além de se vestirem de forma parecida, elas ainda tivessem nomes semelhantes? Toto achou surpreendente, mas Riki não conseguiu segurar uma gargalhada. Quando Jay e as garotas o encararam, ele levou um tapa nas costas do robô.

— Então, vocês estão indo para Musky Wood? — A ruiva tentou mudar o assunto.

— Ah, não. — Berry explicou. — Nossas famílias têm casas em uma ilha que fica perto de lá, então vamos deixar vocês no caminho.

Jungwon deixou um "uau" escapar de seus lábios. Ele já tinha ouvido falar das pequenas ilhas próximas a Musky Wood, locais de luxo onde apenas famílias muito ricas construíam casas para férias. Jay realmente tinha talento para conhecer pessoas importantes.

Depois que já tinham carregado seus pertences, as garotas pediram para que todos subissem a bordo. Berry e Mary iriam pilotar o navio, enquanto Cherry seria a cozinheira. Por causa disso, dessa vez só tinham o grupo de cinco como tripulação. Yunjin pensou que, pelo menos, elas sabiam se virar sozinhas; não eram como aqueles ricos que tinham empregados para tudo, então isso era legal.

— Chegaremos em Musky Wood amanhã à tarde — disse Mary aos demais. — Nesse tempo, vocês podem relaxar. Temos colchonetes na parte de dentro e comida na cozinha. Cherry será responsável pelo cardápio da viagem.

Riki deu um salto quando ouviu falar de comida, mesmo que não estivesse com fome — tinha acabado de tomar o café da manhã no hotel. Toto também estava animado, mas por outras razões. Sua curiosidade pela cozinha continuava aguçada; queria muito poder testar se sabia fazer outras receitas além de omelete. Porém, tinham combinado que ele teria que fingir ser um robô de companhia durante a viagem, então não era como se pudesse pedir para cozinhar algo no navio.