O melhor amigo do meu irmão

power over me.

Chloe Foster

Quando você gosta de uma pessoa, você fica o dia inteiro com a ela na cabeça. E é impossível fazer qualquer coisa sem lembrar dela. É horrível. E pensar que nem o universo te ajuda.

E o destino ama juntar pessoas que têm coisas mal resolvidas.

- porque você não chama o Isaac pra sentar com a gente? - minha mãe pergunta pro meu irmão

Estou tentando evitar tirar meus olhos do celular, já que na mesa ao lado está uma pessoa que não queria ver tão cedo. Porque dói, dói ver essa pessoa. E o pior é que não é culpa dele. Eu só me aproximei de mais.

- não sei, eu tinha convidado ele mais cedo pra vir com a gente pelo telefone. Só que quem atendeu foi a Any - ele diz e bebe a coca a sua frente

Ergo minha cabeça na mesma hora e eles me olham. Finjo ter visto algo lá fora, volto a mexer no celular enquanto como a pizza.
Jesus. Se controla. O que a Any tava fazendo com o celular dele? Ele já foi correr pros braços dela?

Engulo a pizza com dificuldade. Meu Deus, Isaac. Você está consumindo até meu estômago! Isso devia ser crime.

Mas tem uma coisa que não tá se encaixando. Se o Isaac tá aqui e a Any falou pelo telefone dele. Ela tá aqui também. Na mosca. Any aparece segurando uma garrafa de whisky.

Será que ele me viu aqui? São muitas perguntas, tô nervosa. Pra cacete.

- vou ver se eles não querem se juntar com a gente - meu irmão se levanta do banco mas eu seguro seu braço

- melhor não atrapalhar eles, as vezes eles querem ficar sozinho - eu digo forçando um sorriso

- tudo que o Isaac não quer é ficar sozinho com ela - ele diz como se fosse óbvio, e se levanta indo até a mesa deles.

Fudeo. Fudeo. Fudeo.

Mike, eu te amo mas agora eu te odeio.

- mãe, vou no banheiro - digo pra minha mãe que assente.

Me levanto, vejo eles se levantando e vindo até mim. Ai caralho, e agora?

Meu olhar concentra nele, por pura pressão psicológica. Ele parece esperar qualquer reação minha, como se estivesse pedindo permissão. Não, eu diria não.

Finalmente saindo do transe, passo por eles e vou direto ao banheiro. Entrando as pressas, me olho no espelho. Minhas bochechas estão vermelhas. Cacete.

A porta do banheiro abre e fecha. Olho pelo espelho, avistando ele chegando perto de mim. Me viro e ele continua se aproximando.

- você sabe que aqui é o banheiro feminino né? - pergunto tentando disfarçar a fraqueza em minha voz

- sim, mas eu precisava falar com você. O único lugar que consegui foi aqui - ele diz parando - a gente precisa conversar.

- não tem nada pra conversar, você falou tudo que tinha em mente - digo e me viro pra lavar as mãos.

Ideia ideal: fugir do seu olhar. Me dá calafrios, mas um calafrio muito bom e isso é arriscado.

- você tá fugindo de novo.

- não tô fugindo, Isaac.

- então olha pra mim e me escuta - ele diz agora encostando no meu braço

Ergo meu olhar, encontrando o dele pelo reflexo do espelho.

- virada pra mim, não pro espelho - ele diz como uma ordem