꧁Onze꧂

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𝒜𝑒𝓂𝑜𝓃𝒹 𝒯𝒶𝓇𝑔𝒶𝓇𝓎𝑒𝓃

Eu trincava minha mandíbula de raiva só de olhar para a cara daqueles velhos na mesa do conselho. Cada ruga em seus rostos parecia ecoar a hipocrisia e o julgamento que me cercavam. A sala estava fria, o ar carregado de tensão e desconfiança. O silêncio era cortante, apenas interrompido pelo ocasional sussurro de conversa ou o arrastar de uma cadeira.

Meus olhos azuis estavam fixos em minha mãe, Alicent. Ela estava de pé, com as duas mãos firmemente apoiadas na mesa, seus dedos pálidos contra a madeira escura. A expressão dela era uma mistura de exasperação e medo, mais preocupada com as ameaças externas do que com o fato que eu trazia.

Desde aquele encontro com o montador mascarado e seu dragão anormal de quatro patas, eu não conseguia pensar em outra coisa. A imagem daquela criatura fascinante e terrível se repetia incessantemente na minha mente, me tirando o sono e consumindo meus pensamentos. A sensação que eu tive ao olhar para aquele ser era tão intensa que parecia ressoar fisicamente, como um golpe profundo em meu estômago.

Apesar da "fatalidade" com Lucerys, minha mente não conseguia se focar no ocorrido. A tragédia que afetava nossa família parecia distante e insignificante comparada à magnitude do que eu havia testemunhado. No entanto, quando cheguei ao castelo para contar sobre o montador e sua criatura, encontrei apenas desdém e incredulidade.

Minha mãe e meu irmão estavam completamente absorvidos pela perda de Lucerys. Nenhum dos dois quis ouvir sobre o que eu havia visto. Alicent me tratou como um mentiroso irresponsável, incapaz de ver a importância do meu relato. E os outros me olhavam com desprezo, vendo-me apenas como o assassino de parentes.

Quando tentei explicar, o rosto de Alicent se contorceu em raiva e descrença. Ela me estapeou com força, sua fúria evidente. Não podia aceitar que eu estivesse mais interessado naquela aberração do que na tragédia que nos envolvia. Mas a verdade é que o encontro com o montador havia mudado tudo para mim.

Enquanto todos se preocupavam com a ameaça de Rhaenyra e Daemon, eu estava talvez obcecado em encontrar aquele montador arrogante. Não me importava que minha mãe estivesse morrendo de medo da Rhaenyra agora. O mais importante para mim era provar que não tinha enlouquecido e que não era um mentiroso.

Eu precisava encontrar aquele montador e aquela merda de dragão. Aquilo era a chave para restaurar minha honra e minha sanidade. A indiferença e o desprezo dos outros não fariam diferença. Eu estava certo a seguir ele, e mostrar a todos que minhas palavras eram verdadeiras.

As vozes abafadas dos homens ao redor da mesa discutiam fervorosamente uma possível guerra iminente, mas eu mal conseguia prestar atenção em suas palavras. Elas pareciam um ruído distante, quase indistinto, enquanto minha mente permanecia em um lugar distante.

Cada ruga nos rostos daqueles velhos representava para mim um julgamento silencioso, uma acusação implícita. Trinquei minha mandíbula de raiva, tentando controlar a fúria que ameaçava transbordar a qualquer momento. Sentia os olhos penetrantes de Otto Hightower, meu avô, fixos em mim, sua desconfiança e desaprovação tão palpáveis quanto o frio da sala. Ele me observava com um rosto indecifrável.

A conversa ao redor da mesa estava em um ponto crítico quando minha mãe, Alicent, ergueu a voz. Havia um tremor quase imperceptível em suas palavras, uma mistura de medo e determinação que ela tentava mascarar. "Rhaenyra se tornou uma ameaça maior do que nunca," ela declarou, suas mãos ainda firmemente apoiadas na mesa. "Com a morte de Lucerys, não há dúvida de que ela virá atrás de nós com tudo o que tem. Não podemos nos dar ao luxo de hesitar."

O silêncio que se seguiu às suas palavras foi denso e carregado. Podia sentir a tensão aumentando, cada pessoa na sala ponderando as implicações do que ela havia dito. Olhei para o rosto de minha mãe, tentando encontrar alguma compreensão, mas tudo que vi foi a severidade de alguém que já havia decidido seu curso de ação.

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