꧁Treze꧂

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Quando finalmente recobrei a consciência, me vi em um ambiente que exalava uma sensação opressiva. A sala onde me encontrava era escura e úmida, impregnada com um cheiro terroso e gelado que parecia se entranhar em meus ossos. A umidade do ar grudava na minha pele, tornando cada respiração um esforço desconfortável. A luz era escassa, apenas alguns feixes fracos penetravam através das rachaduras nas paredes de pedra, mal iluminando o espaço ao meu redor.

Com dificuldade, levantei-me do chão frio e duro, tentando afastar o entorpecimento que dominava meu corpo. Meus olhos, ainda ajustando-se à penumbra, vasculhavam o ambiente em busca de uma saída, qualquer coisa que me indicasse um caminho para a liberdade. A sala era pequena, com paredes de pedra bruta que pareciam esmagadoramente próximas, aumentando a sensação de claustrofobia. O chão estava coberto de umidade e sujeira, aumentando a sensação de desespero..

Avancei com passos hesitantes até encontrar uma parede de barras de ferro. As barras eram grossas e firmes, como se estivessem projetadas para conter até a pessoa mais desesperada. Apoiei-me nelas, sentindo o metal frio contra minhas mãos frias, e olhei através delas. Do outro lado, um guarda estava parado, estático, como se fosse parte da própria decoração de pesadelo.

O guarda estava de frente para mim, seus olhos fixos em um ponto distante, indiferente à minha presença. Sua postura rígida e a armadura pesada que usava tornavam-no uma figura imponente e impenetrável. Ele não se movia, não piscava, como se fosse uma estátua de carne e osso. A luz fraca refletia de maneira sinistra em seu capacete, escondendo suas feições e tornando-o ainda mais desumano.

Eu queria gritar, exigir respostas, mas a secura na minha garganta e a paralisia da ansiedade me impediram. Tudo o que pude fazer foi continuar a encarar o guarda, esperando por algum sinal de reação, alguma indicação de que ele me notava. Mas ele permaneceu ali, imóvel e alheio ao meu desespero.

A sensação de impotência começou a se apoderar de mim, mas sabia que precisava manter a calma e encontrar uma maneira de sair dali. Cada segundo naquele lugar me parecia uma eternidade, e o silêncio opressivo, quebrado apenas pelo som distante de gotas de água caindo, só aumentava a minha angústia. Eu estava focada a escapar, a descobrir por que estava ali e acabar com aqueles que me haviam colocado nessa situação.

Minha mente vagava, tentando recompor os eventos que me levaram a esse lugar gelado e opressivo. Momentos antes de acordar ali, a última coisa de que me lembrava claramente era uma dor lancinante na cabeça. A pancada fora tão violenta que eu senti meus joelhos cederem, minhas pernas perderem a força, e uma onda de escuridão engolfar minha visão. Cada som ao meu redor se tornara abafado e distante, como se eu estivesse submersa em um mar profundo.

Ainda podia sentir o eco da dor reverberando na minha cabeça. O golpe foi seco, cruel, sem misericórdia. Alguém queria me apagar, sem resistência. Enquanto minha visão se desfazia em trevas, meu corpo caía desamparado, e o chão duro foi a última coisa que senti antes de sucumbir completamente à inconsciência.

Agora, de volta à fria e úmida realidade desta merda, a dor pulsava surda na minha cabeça, cada batida um lembrete do ataque. Eu sabia que tinha que manter a mente clara, apesar da dor, e lembrar de cada detalhe poderia ser a chave para entender por que estava aqui.

Minha respiração era pesada, meus pensamentos se entrelaçavam com a sensação de vulnerabilidade e raiva. Revivendo o momento do ataque, recordava-me de estar em um lugar com a tal rainha, um espaço onde esperaria ser surpreendida de forma tão violenta. Havia algo de traiçoeiro na maneira como fui atingida, sugerindo que o agressor sabia exatamente o que estava fazendo.

Meus olhos se apertaram com a tentativa de clarear a memória nebulosa. Fragmentos de som, talvez uma risada distante, ou o murmúrio de uma conversa cortada, pairavam na periferia de minha lembrança. Mas esses fragmentos se dispersavam como fumaça ao vento, deixando-me frustrada e certa  a descobrir a verdade.

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