꧁Nove꧂

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Após dias e dias de viagem, enfrentando tempestades e conhecendo pequenos vilarejos, finalmente cheguei em Westeros. O lugar tinha uma aparência áspera e fria, mas não era apenas o clima. Era um frio diferente, uma frieza que emanava de cada pedra, cada construção, e até mesmo das pessoas que encontrávamos. Senti um calafrio percorrer minha espinha, mas continuei em frente.

Belfegor parecia tranquilo e relaxado ao meu lado, sua presença calma sendo algo bem-vindo ao ambiente opressivo. Ele parecia aliviado por me tirar daquela situação do meu reino, e sua serenidade era um conforto silencioso para mim. Sempre que eu olhava para ele, encontrava a força e a confiança que me faltavam naquele momento.

Ao passarmos por montanhas e terrenos rochosos, uma grande tempestade começou a se formar. O céu se escureceu rapidamente e a chuva densa começou a cair, transformando o dia em uma "noite" molhada e turbulenta. As gotas de chuva eram pesadas e frias, quase como se o próprio céu estivesse despejando sua raiva sobre nós.

Apesar da tempestade, Belfegor manteve sua calma inabalável. Observando-o, percebi que ele parecia alheio ao caos ao nosso redor, seu rosto sereno enquanto nos guiava através da tempestade. Essa tranquilidade contagiante me acalmou também. Mantive minha cabeça erguida e segui em frente, sentindo uma coragem injetada pela presença de Belfegor.

Evitei pousar com Belfegor em alguns lugares, consciente de que estar com um dragão chamaria demasiada atenção. A presença dele, grande e intimidante, poderia causar pânico ou curiosidade indesejada. Então, por algumas vezes, deixei-o em segurança fora da vista e caminhei sozinha pelos vilarejos.

Andar por esses pequenos povoados sem Belfegor era uma experiência estranha. Sentia-me vulnerável sem a proteção dele, mas também mais livre, como se pudesse me misturar aos habitantes locais sem levantar suspeitas. Observava as pessoas, absorvendo suas rotinas simples, sentindo o peso de suas vidas nas expressões cansadas, mas obstinadas.

Concluía minhas tarefas rapidamente, sempre ciente de que precisava retornar ao meu dragão antes que sua presença fosse notada. Cada vez que me aproximava do lugar onde o deixara, meu coração se acelerava com a expectativa de vê-lo novamente. Sua presença imponente, mesmo à distância, era um sinal de segurança.

Voltava para Belfegor, que esperava pacientemente, seu olhar fixo no horizonte. Ao ver-me, ele inclinava a cabeça, como se dissesse que sabia que eu retornaria. Subia em suas costas, sentindo o calor familiar de suas escamas, e juntos, voávamos em outros lugares.

Sabia que chegar assim em terras desconhecidas era perigoso, ainda mais sendo praticamente uma fugitiva do meu próprio reino. Cada passo que dava, sentia o peso da incerteza e do medo. Aqui, eu não teria as seguranças ou o respeito que desfrutava em meu lar. Não haveria guardas leais para me proteger, nem súditos para me reverenciar. Ali, eu seria só mais uma.

Essa realidade me atingia com força cada vez que olhava ao redor. As pessoas passavam por mim sem nem sequer uma olhada, suas vidas continuando como se eu não existisse. Em meu reino, uma simples aparição minha causaria comoção. Aqui, eu era uma estranha, desconhecida e invisível.

Cada vilarejo, cada rosto desconhecido, era um lembrete constante de minha vulnerabilidade. A necessidade de passar despercebida era crucial, e a ausência de Belfegor ao meu lado tornava isso mais fácil, embora também mais solitário. Quando eu andava pelas ruas estreitas, sentia a desconfiança no ar, a hostilidade latente de quem está sempre preparado para o pior.

Sabia que qualquer passo em falso poderia ser fatal. Estava longe de casa, sem a rede de proteção que sempre conheci. Cada decisão precisava ser calculada, cada movimento, cauteloso. A única coisa que me dava força era a certeza de que, mesmo aqui, sozinha e sem título, ainda tinha a raiva.

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