꧁Dez꧂

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Dois dias se passaram desde o encontro com o platinado, mas sua imagem não saía da minha cabeça. Não entendia por que não conseguia parar de pensar naquele irritadiço montador e seu dragão sem pernas. Suas expressões, seus olhares, tudo parecia ter se gravado em minha mente.

Agora, eu estava em uma pequena caverna escondida no meio de grandes árvores. A entrada era estreita, quase imperceptível, protegendo-me da vista de qualquer um que passasse por perto. O interior da caverna era frio e úmido, mas proporcionava um abrigo seguro contra a tempestade que ainda insistia em cair lá fora.

Eu repousava ali, meus pensamentos vagando constantemente de volta ao nosso encontro. A chuva ainda caía, criando um som ritmado que ecoava pelas paredes de pedra. Sentada perto da entrada, observava o ambiente ao redor, tentando encontrar alguma paz no isolamento.

Belfegor havia saído para caçar, provavelmente em busca de alguma presa para matar sua fome. Sua ausência deixava a caverna ainda mais silenciosa, e o tempo parecia se arrastar lentamente. Mesmo assim, o pensamento do platinado e seu dragão continuavam a me assombrar, como uma sombra.

Quem é ele? O que ele queria? Que dragão estranho era aquele? Existem outros montadores?

Bem, não importa. Eu não vou precisar ver ou olhar para ele nunca mais.

Ao anoitecer, notei que Belfegor ainda não havia retornado. A chuva tinha finalmente cessado, deixando o ambiente úmido e cheio de pequenos riachos formados pela tempestade. Preocupada e inquieta, decidi sair um pouco de perto da caverna para explorar os arredores.

Caminhei lentamente pela floresta densa, os sons suaves da natureza me acompanhando. Encostei-me em uma das grandes árvores, olhando para o céu que começava a clarear com a chegada da noite. A tranquilidade do momento me envolveu, trazendo uma breve sensação de paz.

No entanto, minha serenidade foi abruptamente interrompida por uma pancada súbita na cabeça. A dor explodiu em minha mente e tudo ao meu redor começou a ficar turvo. Minhas pernas fraquejaram e, antes que pudesse reagir, a consciência me abandonou rapidamente, me afundando em uma escuridão profunda e dolorosa.

Acordei aos poucos, uma dor intensa pulsando em minha cabeça. Tudo ao meu redor estava escuro e abafado, a sensação de sufocamento começando a me ferrar. Tentei me mover, mas senti algo pesado e áspero cobrindo meu rosto. Um pano, percebi, provavelmente amarrado para me cegar.

Respirei fundo, lutando contra o pânico, e comecei a tentar sentir meu corpo e meus membros. Meus braços e pernas estavam dormentes, como se tivessem sido amarrados ou restringidos por muito tempo. Lentamente, movi meus dedos, sentindo o chão frio e duro abaixo de mim.

Senti que fui arrastada para uma sala fria e austera, onde homens de toques severos me cercaram. A tensão no ar era palpável, ecoando ameaças veladas e insinuações pesadas sobre retaliações de um tal Aemond e referências obscuras a uma suposta Alicent. Perguntas choviam sobre mim, como se esperassem que eu soubesse algo que eu não tinha ideia.

"O que você sabe sobre Lucerys?" Um dos homens exigiu, seus olhos perfurando meu rosto com intensidade intimidadora. "E sobre Alicent?"

"Eu não sei do que estão falando", respondi, minha voz ecoando no espaço sufocante da sala.

Mas eles não pareciam convencidos. As ameaças continuavam, embora eu estivesse completamente às escuras sobre o motivo de estar ali ou por que estava sendo acusada. Cada minuto se arrastava, cada pergunta lançada como uma pedra no meu peito.

Fui mantida naquela sala aparentemente por horas intermináveis, suportando interrogatórios sem sentido e ameaças cada vez mais intensas. Quando finalmente decidiram me mover, fui literalmente arrastada pelos corredores frios, o chão de pedra áspera machucando meu corpo. Chegamos em outro ambiente, onde fui brutalmente empurrada de joelhos no piso frio e duro.

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