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Elaila Collins

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Elaila Collins.

— Deve ter alguma coisa errada com esse lugar.

— Olha, Elaila, é um baita negócio...

— Esquece, Charles.

Essa última parte saiu um pouco mais firme do que eu pretendia, mas não muito. Embora eu precisasse da ajuda dele, meu constrangimento por estar em tal situação fazia com que aceitar essa ajuda fosse difícil. Charles tinha boas intenções, mas sua insistência em se envolver em tudo estava me dando nos nervos.

Em defesa de Charles — meu amigo mais antigo, que havia muito se acostumara com o meu mau humor em momentos de estresse —, ele não disse mais nada. Apenas cruzou os braços e ficou me esperando falar alguma coisa.

Eu só precisei de um instante para me recompor e começar a me sentir mal por ter perdido a paciência com ele.

— Desculpa — murmurei baixo. — Sei que você só está tentando ajudar.

— Tudo bem — disse ele, compreensivo. — Você está num momento conturbado. Mas pode se permitir acreditar que as coisas vão melhorar.

Eu não tinha motivo para acreditar que as coisas iam melhorar, mas não era hora de entrar nesse assunto. Só suspirei e voltei a me concentrar no anúncio aberto no meu laptop.

— Qualquer coisa que pareça boa demais pra ser verdade em geral é mesmo. — atrás de mim, Charles olhou para a tela.

— Nem sempre. E você tem que admitir que o apartamento parece incrível. — parecia mesmo. Quanto àquilo ele tinha razão. Mas...

— São só duzentos dólares por mês, Charles.

— E daí? É um preço ótimo. — fiquei olhando para ele.

— É, se a gente estivesse em 1978. Se alguém só está pedindo duzentos dólares por mês hoje, provavelmente é porque tem cadáveres no porão.

— Não inventa. — Charles passou uma das mãos pelo cabelo loiro-acinzentado todo desgrenhado.

Mexer no cabelo era uma das coisas mais óbvias que ele fazia quando estava tentando enrolar alguém. Pelo menos desde o sexto ano, quando Charles tentara convencer a professora de que não tinha sido eu quem desenhara flores rosadas por toda a parede do banheiro das meninas. Ele não havia conseguido enganar a sra. Baker na época — eu tinha mesmo desenhado aquela paisagem bucólica em um tom neon agressivo —, e não ia me enganar agora.

Como ele ia ser advogado blefando tão mal?

— Talvez a pessoa não fique muito em casa e só precise de alguém no apartamento por questões de segurança, e não pelo dinheiro — sugeriu Charles. — Talvez seja meio trouxa e não tenha ideia do quanto poderia pedir.

Eu continuava cética. Vinha revirando sites de anúncios e o Facebook já fazia duas semanas, desde que me deparara com o aviso de despejo na minha porta da frente por falta de pagamento do aluguel. Não havia nada disponível por menos de mil, assim tão perto do centro financeiro da cidade. Em Lincoln Park, os valores ficavam até mais próximos de mil e quinhentos.

𝐦𝐲 𝐫𝐨𝐨𝐦𝐦𝐚𝐭𝐞 𝐢𝐬 𝐚 𝐯𝐚𝐦𝐩𝐢𝐫𝐞 | 𝐛𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞 𝐞𝐢𝐥𝐢𝐬𝐡Onde histórias criam vida. Descubra agora