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Aquela noite, Charles passou lá em casa, trazendo caixas para a mudança e dois cafés enormes do Starbucks

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Aquela noite, Charles passou lá em casa, trazendo caixas para a mudança e dois cafés enormes do Starbucks.

— Puxa uma cadeira — falei, sem emoção, apontando para onde minha poltrona reclinável de segunda mão costumava ficar.

Eu a havia vendido no Facebook no dia anterior, por trinta dólares, que era mais ou menos quanto valia mesmo.

Charles sorriu, colocou uma caixa aberta no chão com todo o cuidado e se sentou nela.

— Já puxei — disse ele.

— Obrigada pelas caixas — falei, indicando-as com a cabeça.

Mesmo que eu acabasse não indo morar no quarto totalmente mobiliado de Billie, pretendia sair daquele lugar somente com minhas roupas, meus materiais artísticos e meu laptop. O essencial, mas mesmo assim eu precisaria empacotar tudo.

— Imagina. — Charles me passou o café que eu havia pedido.

Ele tinha dito que eu podia escolher o que quisesse, mas não tive coragem de pedir a bomba de açúcar multicolorida que eu realmente queria, e acabei optando por um café simples mesmo.

— Mal posso esperar para voltar a morar em um lugar que tenha wi-fi — comentei, tomando um gole e fazendo uma leve careta diante do gosto amargo. Como alguém podia gostar de café puro? Eu sempre me perguntava isso quando estava trabalhando no Gossamer's. — Estou com saudade de Drag Race.

Charles pareceu tomar meu comentário como um insulto.

— Mas tenho te falado quem venceu! — fiz um gesto de "mesmo assim".

— Não é a mesma coisa. — eu tinha um fraco por reality shows, e os resumos sucintos de Charles simplesmente não bastavam. — Bom, você vai comigo amanhã à noite, né?

— Claro — disse ele. — A ideia foi minha, afinal.

— Foi mesmo.

— Se você tem que estar lá às oito, te pego sete e quarenta e cinco. Pode ser?

— Ok. Vou estar saindo da biblioteca.

Às terças à noite, aconteciam algumas atividades especiais para as crianças na biblioteca, o que significava que todo mundo tinha que trabalhar até as sete e meia. Para falar a verdade, eu adorava essas noites. Sempre fazíamos alguma coisa artesanal, o que me permitia fingir por um tempinho que a arte ainda era uma parte significativa da minha vida.

Comecei a empacotar minhas coisas, tentando me lembrar de que precisava deixar de fora minha camiseta da Vila Sésamo que dizia "Ler é demais!". A biblioteca gostava que a gente se arrumasse para as crianças nas terças.

— Ótimo — disse ele. — Se eu te pegar essa hora, vamos ter tempo de sobra pra chegar no apartamento. Se bem que...

Ele deixou a frase morrer e baixou os olhos para o café.

𝐦𝐲 𝐫𝐨𝐨𝐦𝐦𝐚𝐭𝐞 𝐢𝐬 𝐚 𝐯𝐚𝐦𝐩𝐢𝐫𝐞 | 𝐛𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞 𝐞𝐢𝐥𝐢𝐬𝐡Onde histórias criam vida. Descubra agora