𝗺𝘆 𝗿𝗼𝗼𝗺𝗺𝗮𝘁𝗲 𝗶𝘀 𝗮 𝘃𝗮𝗺𝗽𝗶𝗿𝗲 | 𝗯𝗶𝗹𝗹𝗶𝗲 𝗲𝗶𝗹𝗶𝘀𝗵

twelve

[RASCUNHO DE E-MAIL, NÃO ENVIADO]

De: Elaila Collins <collinslaila@gmail.com>
Para: David Gutierrez <dgutierrez@galeriarivernorth.com>

Assunto: candidatura à exposição de arte

  Caro David,

Gostaria de inscrever Solar a um lago plácido, uma obra tridimensional de técnica mista, que mescla pintura a óleo e plástico, na exposição sobre a sociedade contemporânea que será realizada em março em River North. Trata-se de uma tela de 60 x 90cm, com uma escultura feita de celofane e festões que se projeta cerca de 25 centímetros da tela.

Envio anexas imagens em JPEG da obra completa para sua consideração. De acordo com os parâmetros estabelecidos pela convocatória, a obra finalizada estará disponível para exibição em sua galeria mediante solicitação.

    No aguardo de notícias,
Elaila B. Collins.

[...]

Quando cheguei ao estúdio, Charles e Scott já estavam lá, parados diante do meu projeto, ambos com uma expressão que eu não conseguia decifrar.

Pelo menos não pareciam horrorizados. Já era alguma coisa. Deixei a bolsa em uma baia vazia e fui me juntar a eles.

— Obrigada por tirar as fotos pra mim — falei para Scott.

Ele tinha uma câmera toda chique com um nome que eu nem conhecia e era um ótimo fotógrafo amador. Por sorte, ele estava disponível. Eu pretendia formalizar minha candidatura à exposição na galeria em River North aquela noite. O e-mail para David já estava escrito, mas eu ainda precisava anexar cinco fotos do meu trabalho.

— É um prazer. — Scott ergueu a câmera, que estava pendurada em seu pescoço, sem tirar os olhos de minha obra. — Onde devo... hum...

Ele ficou em silêncio por um momento, então arregalou os olhos para Charles em um pedido de ajuda. Charles balançou a cabeça e deu uma risada baixinha antes de retornar ao que quer que estivesse lendo no celular.

— Onde eu fico? — perguntou Scott.

Apontei para um ponto a dois passos de distância de onde Solar estava pendurado, na parede do estúdio.

— Começa dali. Acho que assim pega a luz que entra pela janela. Com sorte, vai refletir na escultura de celofane e festões e deixar as fotos bem atrativas.

Scott franziu a boca.

— Beleza.

— A casa em si não é tão grande quanto imaginei a princípio — comentei, numa explicação que não era necessária, porque Scott já estava disposto a fazer aquilo por mim e provavelmente nem ligava. Só que eu estava empolgada por ter concluído o projeto e precisava contar a alguém.