Elaila Collins é apaixonada por arte, mas está difícil pagar as contas sendo artista. Prestes a ser expulsa de seu atual apartamento, ela precisa encontrar um lugar barato o mais rápido possível. No entanto, quando se depara com um quarto para aluga...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Elaila Collins.
Foi surpreendentemente bom voltar ao apartamento de Billie. Eram três da tarde, de modo que, como da primeira vez em que eu havia me mudado, ela não estava lá para me receber. No entanto, havia deixado abertas as cortinas das janelas que davam para o lago — provavelmente pensando em mim. O sol claro do outono refletia na água de maneira tão convidativa que quase parecia que a vista estava me dando boas-vindas.
Ou talvez eu só tivesse cansada de acampar no sofá de Charles.
Entrei no apartamento lentamente, me esforçando para ignorar a decoração bizarra. As paredes escuras demais, a cabeça empalhada de lobo sinistra que ficava acima da lareira, o modo como o armário do corredor que eu estava proibida de abrir cheirava vagamente a fruta — continuava tudo tão esquisito quanto alguns dias antes e passava a mesma impressão de que os ricos tinham mais dinheiro que noção. A única diferença era que tudo fazia mais sentido agora que eu sabia que Billie era uma vampira centenário.
Bocejei enquanto me dirigia ao quarto. Tinha ficado acordada até tarde da noite tentando convencer Charles de que voltar para o apartamento do qual eu havia fugido no outro dia era mesmo o que eu queria fazer. Não dava para culpá-lo pela preocupação; compreendia que, visto de fora, meu comportamento não fazia sentido.
Só que eu não podia revelar o segredo de Billie.
E torcia para que, com o tempo, Charles parasse de se preocupar tanto comigo.
Assim que entrei no quarto, perdi o ar. Eilish havia deixado meus quadros pendurados exatamente onde estavam antes que eu partisse. Embora eu tivesse certeza de que ela não os entendia direito.
Dois envelopes com meu nome me esperavam sobre o colchão grosso da cama com dossel. Ao lado deles, havia uma fruteira de madeira com mais quincãs de dar água na boca, assim como da primeira vez que eu me mudara.
Abri o primeiro envelope e tirei de dentro duas folhas de papel grosso bem dobrado, com uma caligrafia que àquela altura eu reconheceria em qualquer lugar.
Cara Elaila,
Bem-vinda de volta. Fico muito feliz que tenha decidido continuar morando comigo e torço para que você também esteja.
Preparei uma lista de temas que poderemos abordar juntos no futuro. Ela segue anexa, para sua aprovação. Por favor, entenda que sou tão pouco versada nos costumes do mundo moderno que provavelmente nem sei o que não sei. Se puder pensar em grandes omissões desta lista, por favor, me informe.
Com carinho, Billie.
P.S.: Como pode ter notado, incluí na lista "cafeterias e como se comportar nelas". Depois do que aconteceu no Gossamer's quando tentei pedir uma bebida, cheguei à conclusão de que preciso me aprofundar no tema.
