Inimigos com Benefícios

Capítulo 23: Suguru Geto

~Suguru Geto~

De primeiro encontro até Satoru se tornar meu primeiro namorado, até a primeira noite dele depois de se mudar para o meu apartamento, houveram muitas outras primeiras vezes. 

Nossa primeira briga, que na verdade foi mais sobre eu precisar sair um pouco da minha cabeça.

Pedir desculpas e admitir que estava errado foi uma merda, mas a parte da reconciliação foi divertida. 

Ou a primeira vez que Dagon ficou doente e tivemos que correr com ele para o veterinário. Não foi nada que alguns antibióticos não resolvessem, só que foi assustador pra caramba, e nunca precisei tanto de Satoru na minha vida quanto naquele momento. Ele foi um verdadeiro apoio, equilibrado e perfeito, enquanto eu era uma bagunça completa. 

Resumindo, isso nos definia bastante. 

Também teve a primeira vez que adotamos um novo gato, que Satoru insistiu em chamar de Arnie. Achei um nome horrível, obviamente, mas quando meu namorado tomava uma decisão, não tinha pessoa no mundo capaz de convencê-lo a voltar atrás. 

Dagon não gostou nem um pouco do “irmão mais novo” no início, mas conforme o tempo foi passando, ele acabou por se adaptar e até mesmo tentava ser simpático com o novo integrante da família.

E então teve o meu primeiro dia em um novo emprego. 

Era em uma grande empresa de tecnologia e a missão deles de colocar as pessoas em primeiro lugar parecia se encaixar bem comigo. Nunca tinha precisado fazer uma entrevista de emprego antes, e foi intimidante e enjoativo, mas também emocionante. 

Eu tinha um diploma, uma experiência longa e variada com análise de dados, avaliação de riscos e gestão de recursos, além de uma sólida história de empregos e um ótimo portfólio. Claro, essa história de empregos era em um negócio familiar, mas em nível nacional. Eu era capaz e estava disposto, e com o apoio inabalável de Satoru, eu também acreditava em mim mesmo. Ele estava mais nervoso do que eu, andando de um lado para o outro quando eu voltei da entrevista.

— Como foi? — ele perguntou.

Meu sorriso disse tudo que ele precisava saber, e meu namorado me abraçou com tanta força que pensei que meus ossos se quebrariam.

— Estou tão orgulhoso de você!

Eu também estava orgulhoso de mim. 

E assim começou minha jornada no mundo da TI. 

Eram longas horas — não mais do que eu estava acostumado — de segunda a sexta-feira, e o salário era muito bom. 

Também foi uma prova para o meu pai de que eu poderia me virar bem sozinho.

Eu tinha falado com ele exatamente três vezes no último ano. Então, não era realmente diferente de como era antes, embora agora não tivéssemos o conforto do trabalho para suavizar a dura realidade de nosso relacionamento. 

Ouvi falar que sua empresa estava indo de mau a pior, e que não demoraria muito para falir. Confesso que nunca desejei mal ao meu pai, mas ele sempre dispensou as pessoas, sempre achou que era melhor que todo mundo e que nunca precisaria de ninguém. Então, acabou sozinho, atolado em dívidas, tentando desesperadamente conter o colapso que a Geto Corp. inevitavelmente entraria.

Ele nunca me procurou para pedir ajuda, no entanto. Era orgulhoso demais, mesquinho demais.

E eu estava bem com isso. 

Satoru passou a trabalhar para as indústrias Kamo assim que o meu pai se viu sem saída e teve que demitir mais da metade dos funcionários para cortar custos. Essa de fato não foi uma boa ideia, o que só fez a Geto Corp. se afundar mais rápido.