Capítulo 9: Satoru Gojo

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~Satoru Gojo~

Foi estranho ver Suguru com o rosto machucado. 

Ele tinha uma bandagem enrolada na cabeça e o seu olho esquerdo estava meio coberto, mas dava para notar que estava inchado, e já havia hematomas ao redor. 

Quem o atingiu o fez com força. 

E não foi um golpe típico de rugby. 

Deus sabe que já tive minha parcela de culpa em alguns casos no passado. 

Isso foi um golpe deliberado. 

E isso me incomodou de formas que eu não estava preparado para lidar. De formas que eu não conseguia explicar corretamente, porque há apenas alguns dias, eu tinha dado uma rápida olhada nas marcas que deixei em seu pescoço e, perturbador como era, achei excitante. 

Eu tinha marcado sua pele, deixando impressões dos meus dedos quando apertei sua garganta enquanto o penetrava, enquanto o possuía, possuía seu corpo de maneira animal. 

Sim, era perturbador. Eu marcá-lo? Eu estava totalmente de acordo com isso, e ele também. 

Mas outra pessoa? Alguém machucá-lo? Não, isso não me agradava nem um pouco. 

Assim que vi Suguru, uma explosão de fogo se acendeu atrás do meu esterno, brasas brancas ardentes queimando meu estômago. 

Ninguém mais poderia tocá-lo daquela forma além de mim, porra. 

E aquele sentimento, aquele instinto de posse e reivindicação era algo novo e estranho. Porque eu não o possuía. Quero dizer, eu o possuía na cama, mas na realidade, não. 

Eu não tinha direito sobre ele ou qualquer motivo sequer para me importar com o que tinha acontecido. Antes do nosso acordo, se ele tivesse levado um olho roxo de alguém, eu teria achado engraçado e teria presumido que ele merecia. Provavelmente teria oferecido uma cerveja para o cara que fez isso.

Agora eu queria matá-lo. 

O número quatro de Burwood. Segunda linha. 

Ninguém tocava em Suguru Geto, exceto eu. 

Deus, era tão perturbador. 

E também era perturbador sair sorrateiramente do pub e entrar no Uber com ele. 

Suguru estava pálido e claramente não se sentia bem. Seus amigos deveriam ter percebido isso, mas não perceberam. 

Só que eu percebi. 

— O que você pensa que está fazendo? — ele sussurrou, provavelmente para que o motorista do Uber não pensasse que eu havia sequestrado a viagem. 

— Garantindo que você chegue em casa bem — Ele resmungou. 

— Acho que isso te poupa de pagar sua própria corrida daqui a uma hora. 

Deus, ele me irritava tanto… 

Como se economizar alguns trocados fosse a única razão pela qual eu tinha me juntado a ele. 

— Se você não vai agradecer por eu estar te verificando, então só cale a boca. 

Ele me lançou um olhar de desprezo com o olho direito, mas dado as bandagens e o olho esquerdo inchado, não foi nada ameaçador. Teria sido engraçado se não parecesse tão doloroso. E se isso não me incomodasse tanto. 

Fizemos o resto da viagem em silêncio, saímos quando o carro parou em frente ao seu prédio e o segui para dentro. 

Entramos no elevador e ele suspirou enquanto subíamos para o andar dele. 

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