Capítulo 20: Suguru Geto

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~Suguru Geto~ 

Eu me sentia um tolo. 

Na verdade, eu era um tolo. 

Eu me permiti ficar vulnerável, exposto como uma ferida aberta para infecção. Nunca deveria ter sido assim. Eu nunca deveria ter sido assim. Minha vida era muito mais fácil antes de Satoru Gojo aparecer. Antes de eu me acostumar com a presença dele, com ele cuidando de mim. Com ele se importando comigo.

Eu quase chorei quando o vi na tela do interfone, quando ele devia ter corrido o caminho inteiro da casa dele até a minha, porque se importava comigo. 

Eu sabia que deixá-lo entrar seria uma má ideia. 

Porque eu precisava dele. 

Eu nunca precisei de ninguém ou de nada na minha vida antes e Satoru Gojo me arruinou. Ele me fez sentir coisas que nunca havia me permitido sentir antes, me fez querer coisas. Me mostrou o que era a felicidade, como é ser importante para alguém. 

Um vislumbre de como é o amor. 

E que Deus me ajude, eu queria isso. 

Por mais que me assustasse.

Eu nunca percebi que precisava dele para lutar por mim. 

E ele lutou. 

Ali, na minha cozinha, com os braços ao meu redor, com meu coração batendo descompassado, ele me segurou enquanto eu chorava. Enquanto eu finalmente admitia que não era tão inquebrável quanto fingia ser, e admitir que eu precisava dele foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. 

Admitir que precisava de qualquer coisa era difícil para mim. Mas entregar meu coração a alguém, confiar que não me machucariam, era aterrorizante.

— Você está bem — ele sussurrou, beijando o lado da minha cabeça novamente — Eu estou aqui com você.

E ele conseguiu. 

Ele me tinha por completo. 

Eu sabia que precisava falar, mas nem tinha certeza por onde devia começar. 

O início de tudo parecia uma boa maneira. 

Limpei meu nariz escorrendo com as costas da mão.

— Sou um completo desastre.

— Eu sei — Satoru respondeu.

Soltei uma risada pelo nariz.

— É verdade. Sou egoísta e distante.

— Eu sei. Sei quem você é, e também sei no que estou me metendo.

Ele se afastou e segurou meu rosto, limpando minhas bochechas antes de me beijar suavemente.

— Mas também sei quem você é quando estamos sozinhos. Eu conheço quem você é de verdade, Suguru.

— Eu digo coisas horríveis só para machucar as pessoas. Não quero, eu só que... — balancei a cabeça — Isso mantém as pessoas afastadas.

— É um mecanismo de defesa — ele sugeriu — Mas você vale a pena, Suguru. Você vale a pena e merece algo bom na sua vida. E esse algo sou eu, se você ainda não percebeu. Eu sou a coisa boa que você merece.

Cedi um sorriso choroso e assenti.

— Você é a única coisa boa na minha vida.

— Não sou, não. Você tem sua irmã, tem o Higuruma. E o Dagon. E todo o seu time de rugby. Esses caras também te apoiam.

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