Capítulo 43

102 9 0
                                    

- Oh, abra a porta. - Ainda em choque por se encontrar trancada no quarto de Jonas, Ginny balançou a maçaneta da porta.

- Eu tenho que usar o banheiro.

Tucker gemeu. - Vamos, Ginny. Jonas estará de volta em quinze minutos. Disseram-me que só poderia abrir essa porta no caso de um apocalipse. Isso pode esperar?

- Receio que não. Para onde foi Jonas?

- Comprar um fogão elétrico, eu acho. Para cozinhar ovos.

- Eu queria que você não tivesse me contado isso - Ginny resmungou, tirando o cabelo dos olhos. - Estou tentando ficar com raiva por ter sido feita prisioneira. E suspeito também. Por que essa porta trava do lado de fora?

- Desculpe, o que foi isso? - Tucker fez um ruído crepitante que era claramente apenas ele emitindo sons do Pato Donald com as mãos em concha.

— Você está acabando comigo...

- Oh, pare com isso. Abra essa porta. Ou você não está ofendido por Jonas não confiar em você para me proteger enquanto ele está fora?

- Muito inteligente nos jogar um contra o outro, querida. Eu não vou cair nessa.
Ginny se mexeu na ponta dos pés.

- Eu não aguento mais. Por favor. - Houve um clique e então a porta se abriu, revelando Tucker com uma nuvem de fumaça obscurecendo seu rosto. Ginny desviou dele para o corredor.

- Você caiu nessa, não é?
Tucker piscou. - Você não precisa fazer xixi?

Ela torceu o nariz para ele. - Desculpe.
Sua risada ecoou pelas paredes do corredor.

- Mulheres. Mortas ou vivas, vocês são uma raça complicada. - Ele passou por ela em direção à frente do apartamento. - Já que estou cortejando a ira do príncipe, você quer aquela cerveja?

- Sim, por favor - Ginny falou depois de Tucker. Em vez de segui-lo, entretanto, ela se virou e caminhou na ponta dos pés pelo corredor escuro, parando na frente da porta do outro lado do corredor e abrindo-a.

Claramente este era o quarto de Tucker. O cheiro pungente de fumaça de charuto pairava no ar, halteres do tamanho de Ginny estavam situados no canto e vinis de álbum de rap empilhados em cima de um aparelho de som de última geração.

Ela fechou a porta rapidamente atrás dela e seguiu em frente.

A próxima porta estava trancada. O quarto de Elias, talvez? Ele tinha vindo desta direção geral antes, mas ela não podia ter certeza de onde.

O barulho de uma tampa de garrafa sendo arrancada quase fez Ginny abandonar sua investigação de Scooby Doo. O que ela estava procurando? Ela não tinha certeza. Mas havia uma necessidade urgente de reunir conhecimento, de lembrar os menores detalhes sobre seu tempo com Jonas. Se ela reunisse informações suficientes sem que ele soubesse, menos provável seria que ele a fizesse esquecer cada pequena coisa, se apagasse sua memória.

Ela queria pelo menos ter a opção de remendar esses momentos no tempo se acordasse uma manhã com lacunas em sua linha do tempo.

Havia uma última porta no final do corredor e ela caminhou até ela agora, um arrepio subindo por seu braço assim que ela enrolou a mão em torno da maçaneta. Uma sensação de mau presságio a fez hesitar, mas ela a enxotou para o lado e abriu a porta. Ela apenas teve um vislumbre de algemas de metal presas a uma parede de tijolos imundos antes de uma mão disparar acima de sua cabeça, batendo a porta.

Tucker suspirou. - Jonas nunca vai me deixar com um ser humano de novo.

Ginny se virou para o vampiro atarracado com os olhos arregalados.

— Por que existem algemas e correntes aí?

— Você acredita que Elias é um bastardo pervertido?
Ela corou, incapaz de encontrar seu olhar. — E-eu... Bem, eu ...

Tucker soltou uma risada e ficou em silêncio. - Então você é corajosa o suficiente para investigar uma colisão de vampiros, mas piadas sujas a deixam vermelho. - Ele entregou-lhe uma cerveja e gesticulou para que ela o precedesse em direção à sala de estar.

- Faz cada vez mais sentido por que meu colega de quarto está tentando encontrar um prato quente às três da manhã.

Sem saber o que ele queria dizer, Ginny franziu a testa e tomou um gole ausente de sua cerveja - e prontamente engasgou com o amargor. - Talvez eu goste de bebidas de frutas -, disse ela, seguindo Tucker até a sala de estar.

- Isso é terrível.

- Se estou me lembrando da minha juventude debochada corretamente, a cerveja tem um gosto melhor toda vez que você toma outro gole. Melhor continuar.

Ginny deu outro gole cauteloso. - Oh! Você tem razão. Não é tão ruim dessa vez. Tucker fez uma reverência.

- Agora você pode me falar sobre as algemas?

- Não é muito para conversa fiada, não é, querida?
- Ele apoiou um cotovelo musculoso no manto sob a televisão. - Não tenho certeza do que devo dizer a você.

Ela encolheu os ombros e tomou outro longo gole de cerveja. - Vou esquecer tudo isso, certo?

- Certo - ele falou, suspirando. - De vez em quando, Jonas encontra um recém-silenciado e eles precisam de algum... Tempo para se ajustar. Onde eles não podem prejudicar nenhum ser humano frágil, como você. Jonas os mantém presos em correntes de prata. Elas são impossíveis para a nossa espécie se libertar.

- Seu sorriso a lembrou de uma lanterna de abóbora. - Ter um novato raivoso e sanguinário acorrentado no corredor cria algumas condições de vida interessantes. Você é uma hóspede muito melhor.

- Obrigada.

Ele tirou o charuto do canto da boca, gesticulando para ela. - Você terminou sua cerveja.

— Eu terminei? - Ginny cobriu a boca para evitar que um soluço escapasse. - Eu terminei.

- Quero outra?

Ela avaliou a sensação de luz efervescente em sua cabeça e nas pontas dos dedos.

- Sim, acho que sim.

Rindo baixinho, Tucker foi até a geladeira e abriu a porta, olhando por cima do ombro para Ginny. Provavelmente para avaliar sua reação diante da abundância de bolsas plásticas cheias de sangue. Um dedo de descrença subiu e desceu por suas costas e tudo que ela podia fazer era olhar, tentando imaginar
Jonas bebendo de uma bolsa de plástico.

- Oh, ele não bebe -, disse Tucker, endireitando-se com a cerveja dela na mão. - Ele derrama em um copo, como um idiota chique.

Renascido Ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora