Capítulo 45

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A porta da frente se abriu e Elias entrou no apartamento, o sobretudo girando em volta dos joelhos, a gola ainda protegendo seu rosto da vista, como antes.

- Ei, amigo - Tucker chamou, bem-humorado. - Estávamos conversando sobre o bastardo pervertido que você é.

Nenhuma resposta, apenas uma tensão em seus ombros.

- Não estávamos realmente - Ginny interrompeu rapidamente, lançando a Tucker um olhar severo.

- Você encontrou Roksana?

- Não, eu não encontrei -, ele murmurou por trás de seu colarinho.

- A pirralha imprudente.

A espinha de Ginny estalou com o xingamento infundado de sua amiga. Sua única amiga, para ser exata.

- Como você sabe que ela está sendo imprudente?

Elias se virou ligeiramente, sem revelar o rosto. - Você a conheceu?

A ameaça na voz de Elias confundiu temporariamente seus pensamentos - junto com a cerveja - e ela se viu dizendo, um tanto estupidamente: - Ela mencionou você para mim.

Uma onda muito sutil passou por ele. - Ela mencionou.

Ginny assentiu, embora ele não estivesse olhando para ela. - De uma forma afetuosa.

Elias voltou para a porta da frente com uma maldição.
Jonas agarrou a porta antes que pudesse fechar, seus olhos brilhando com o verde e penetrando diretamente nela.

As luzes piscaram no apartamento, transformando a cerveja no estômago de Ginny em lama azeda. Ele estava manipulando a eletricidade? Ou foi apenas uma coincidência?

- Querido, não é o que parece -, gritou Tucker. - Nós pensamos em você o tempo todo.

Jonas pousou a sacola de compras em sua mão e flexionou os dedos. - Você não conseguiu seguir as instruções por quinze minutos?

- Ela me enganou.

- Quase não foi preciso esforço. - Ela olhou para a garrafa, surpresa ao descobrir que estava vazia - e por que ela estava segurando duas delas? Espere, não. Uma. Não duas.

- Eu tenho que usar o banheiro agora.

Tucker riu. - Cerveja vai fazer isso com você.

- Isso é muito aconchegante - Jonas falou lentamente, embora sua expressão fosse tensa e concentrada em Ginny.

- De volta ao meu quarto, por favor.

Ela pousou a garrafa de cerveja vazia na mesa de centro. - Se vou ficar aqui por qualquer período de tempo, tenho que ter permissão para vagar livremente.

- Ela quer ser uma humana livre, príncipe,- Tucker traduziu.

A mandíbula de Jonas estalou. - Falaremos sobre isso quando estivermos sozinhos.

Um ding disparou em algum lugar do apartamento. Ginny girou em um círculo, procurando pela fonte do som familiar. Levou uns bons quinze segundos para perceber que vinha do celular ainda guardado no bolso do vestido.

Ela o usava tão raramente que tinha esquecido que estava lá, mas o tirou agora e apertou o botão para abrir seu e-mail. - Oh! - A umidade quente se acumulou em seus olhos.

- Boas notícias! Temos um corpo sendo levado ao necrotério amanhã.

- Ela é uma carcereira -, disse Tucker sem perder o ritmo.

Antes que Ginny pudesse responder, ela se viu sendo carregada pelo corredor aninhada contra o peito de Jonas, movendo-se em algum lugar entre uma caminhada tranquila e um trote.

- Acho que devo agradecê-lo por não me colocar algemas.

Ele diminuiu a velocidade fora de uma porta, medindo-a com um olhar. - Explorou um pouco, não é?
- Mais como reunião de memória. Você não vai conseguir todas elas. Será como jogar uma toupeira de golpe.

Com uma sobrancelha preocupada, ele abriu uma porta com o ombro e acendeu a luz para revelar um banheiro pequeno, limpo e com ladrilhos brancos. Sem espelhos, é claro. Ele a colocou no centro do chão, mas a manteve perto.

- Eu não queria fazer você se sentir uma prisioneira. - Seu estrabismo tímido e caolho o tornava tão bonito que ela se aproximou por pura necessidade.

- Tecnicamente, você não deveria saber que estava trancada.

Você deveria estar dormindo.

- Lamento não poder cooperar.

- Não, você foi e deu uma festinha, não foi? - Ele traçou a linha do cabelo dela com o polegar. - Estou sendo irracional, não estou? Isso é o oposto de mim. Nunca tive dificuldade em controlar meus impulsos.

— Que impulsos você está tendo?

- Querendo cegar qualquer um que olhe para você - Jonas murmurou, seu polegar viajando em círculos no oco de sua garganta agora.

- Querer ensurdecer quem te ouve falar, por isso serei o único a experimentar a música da tua voz. Você sabe, impulsos normais e bem ajustados.

Ginny não conseguiu recuperar o fôlego o suficiente para rir. - Achei que não poderíamos ficar juntos.

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