Capítulo 4

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– Eu sinto muito - Ginny conseguiu dizer, suas lágrimas brotando em um ritmo tão rápido que uma delas escapou, caindo pesadamente no torso frio do homem.

Seus olhos se abriram.
Seus... Olhos se abriram?

O choque queimou o sangue de Ginny, a tontura a balançou. Ao redor dela, a sala se estreitou e se expandiu como uma casa de diversões, fogos de artifício estourando em seus ouvidos.

Ela cambaleou um passo para trás e caiu contra a parede de blocos de concreto, observando em choque penetrante enquanto o Galã voltava à vida.

Não. Não.

Isso tinha que ser sua imaginação. Ela esteve sozinha por tanto tempo, seu cérebro clamava por interação humana e de jeito nenhum, de jeito nenhum, o cadáver estava sentado...
Só que ele estava.

A menos que ela tivesse enlouquecido completa e totalmente, ele estava sentado, sua musculatura deslumbrante flexionando na luz áspera e clínica. Ela deveria ter gritado, chamado uma ambulância, dado um copo d'água para ele. Algo. Em vez disso, ela agarrou o meio do peito e sussurrou:

– Oh, graças a Deus.
Lentamente, a cabeça do Galã se virou e olhos de um verde esmeralda profundo encontraram os de Ginny, estreitando-se quase num estremecimento.
– N-não é fã de xadrez? - ela brincou, ridiculamente.

Sua atenção se concentrou no tecido em questão, queimando a pele abaixo como um ferro, antes de retornar aos olhos dela.

– Onde estou?

Como ela deveria responder a perguntas simples quando sua voz soava como uma onda de fumaça? Quando ele era aproximadamente trinta vezes mais bonito em vida? Onde seu status sem camisa era funcional antes, agora estava sentado, exalando masculinidade com um lençol ao redor de seus quadris e, portanto, seu peito nu havia se tornado um ataque sensual. Cabelo espesso, preto como o pecado, foi penteado para longe de seu rosto, mas algumas mechas escaparam para acariciar sua testa. Sua mandíbula flexionou durante sua fala, mas Ginny não conseguia parar de olhar. Era como se ela tivesse faminta por vê-lo.

A tristeza cultivada dentro dela se dissipou tão rapidamente, deixando a leveza para trás, que ela quase se sentiu histérica. Como se ela tivesse sido atirada em um tanque de hélio. - A melhor pergunta é: onde você esteve?

A mão de Ginny voou para a boca tentando prender a pergunta tarde demais. De onde veio isso? Talvez ela estivesse histérica. Afinal, um cadáver acabara de voltar à vida diante de seus olhos. Ela ganhou o direito de ficar calada.

– Eu sinto muito. O que eu quis dizer é que você está na casa funerária P. Lynn em Coney Island. - Ela parecia sem fôlego, mas oficial, como uma garota do tempo relatando ao vivo na frente de um tornado. Na hora, um estrondo começou acima e ela apontou para o teto. - Vê? Lá está o trem Q. Você quer falar sobre isso?

- Sobre o trem Q?

Seu sotaque era difícil de localizar, mas foi revelado com sugestões do sul.
- Não. Não, quero dizer... - Ela se separou da parede e ficou se mexendo em suas sapatilhas. - O fato de que você acabou de voltar dos mortos.

- Sim -, ele respondeu lentamente, olhando para ela de uma forma que fez sua pele ficar quente e sensível.

Primeiro, gostaria de falar sobre por que você não está gritando.

Honestamente, Ginny não tinha uma boa resposta para sua pergunta razoável e direta. Então ela divagou, como sempre fazia em situações em que sua normalidade era questionada.

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