Uma Cor Para as Páginas

A Página Avermelhada

Dia 16 de Setembro, Sexta-Feira, 8:00 da Manhã.

- Parece chateada.

- Claro que não.

- Parece sim.

- Claro que não tô mãe!

- Não parece...

- É tudo uma impressão sua.

- O que anda te incomodando filha?

- Tudo mãe. Agora que as coisas estavam rolando...

- Estão rolando. - Ela me interrompe.

- Acho que não.

- Claro que continuam, vocês só vão precisar enfrentar alguns obstáculos no caminho.

- Isso parece papo de um filme de romance.

- Mas entre vocês não rola um romance?

- Claro que não! A gente a princípio é só amigos.

- Você diz uma coisa e seu coração fala outra, nunca vi jovens tão confusos quanto vocês.

- Não somos confusos.

- São sim, vocês estão enrolando demais nesse negócio de amor.

- Andam acontecendo tantas coisas em nossas vidas que atrasam tudo...

- Se for só as duas mães doentes, vocês apenas estão arrumando pretexto.

- Sério isso?!

- Claro ué, você nem fica o dia inteiro comigo, pra começar.

- Bem...

- Viu só? Nem tem como você se defender, seu argumento é tão fraco...

- Não é fraco, apenas é meio falho.

- Muito falho.

- Então o que eu faço pra você ser feliz porra?!

- Me fazer feliz? Logo vou estar morta mesmo, então se vale uma opinião de mãe pela sua felicidade, acho que se declarar e assumir seu grande amor pelo John é um bom começo.

- Você sempre diz isso!

- Porque é a verdade! Você vive agarrada a idéia de que seu pai vai ser contra a sua felicidade e isso me irrita tanto!

Ela faz uma breve pausa para tossir.

- Eu já disse isso a você mas vou dizer de novo, seu pai sabe muito bem que você cresceu e independente do que ele escolheu pra você, saiba que de minha parte sempre fui a favor de que você fizesse suas escolhas de como viver e não o seu pai controlar tudo que você faz ou deixa de fazer.

- Isso é o meu fardo.

- Não, não precisa ser assim.

- Então como tem que ser? Como no seu ponto de vista precisa ser as coisas?

- Seu medo é só de enfrentar o seu pai, você não vai precisar de muito pra ganhar o voto dele.

- Ele sabe muito bem como intimidar.

- Porque ele sabe que você vai ceder.

- Tudo bem, eu consigo...

- Claro que consegue, você é minha menina, a garota destinada a brilhar como uma pérola.

- Claro! Eu pensei nisso a um tempo já e agora tenho todas as idéias do mundo.

- Tem é?

- Andei falando bastante com as meninas e eu devo ter a idéia de declaração perfeita.