O Final de Uma História

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Dia 16 de Outubro, Terça-Feira, 7:30 da Manhã.

Você consegue. É simples. Você já tocou pra turma toda uma vez, não deve ser difícil tocar pra todos os pais...

Ouço o anúncio do começo da apresentação, por favor... não desafina...

- E com vocês, a apresentação da nossa turma de terceiranistas!

As cortinas se abrem e as luzes logo acima de nós se acendem.

Eu respiro fundo e começo a tocar o violão.

O baterista logo entende qual era a música.

- E eu desistiria de tocar para sempre em você...

Eu claramente não me esforçava pra esconder meu nervosismo.

- Porque eu sei que você me sente de alguma forma...

- Você é o mais próximo do céu que eu estarei e eu não quero ir pra casa agora...

- E tudo que eu posso sentir é esse momento...

- E tudo que eu posso respirar é sua vida...

- E mais cedo ou mais tarde, acabou.

- Eu só não quero sentir sua falta essa noite...

Quando eu estava prestes a tocar o refrão, noto alguém sentado no lugar que eram dos meus pais.

- E eu não quero que o mundo me veja! Porque eu acho que eles não entenderiam...

- Quando tudo é feito para ser quebrado, eu só quero que saibam quem eu sou...

Eu já sentia o suor escorrer sobre mim, sorte que eu já tinha acabado essa parte...

7:35 da Manhã.

- E esses foram os nossos terceiranistas! Exibindo mais uma vez seu forte talento musical!

Rapidamente, guardo meu violão e me preparo pra sair.

- Mandou bem Judith! Sua voz é linda cantando.

- Valeu.

Vou subindo pelo canto do auditório, quando vejo uma mulher alta usando um terno preto vindo em minha direção com passos profundos de um salto alto preto.

- Você foi ótima... jamais conseguiria tocar algo assim!

- Então era você...

- Fiquei orgulhosa da minha filhota.

- Ah para... - Começo a corar.

- Mas é verdade! Você mandou muito bem.

Não lembro de ver minha mãe sendo esse amor de pessoa.

- Valeu. - A abraço.

- Eu filmei suas partes, não vai ser a mesma emoção, mas acho que os meninos vão amar.

Eu já estava ficando sem jeito...

- Quase me esqueci! Tenho uma ligação pra retornar, me espera aqui rapidinho!

Ela sai correndo porta afora.

Era normal o tempo todo os dois receberem ligações.

Acabei me acostumando a ficar sozinha, as vezes indo dormir na casa de amigas ou até mesmo, cuidando dos meus irmãos.

Aqueles dois eram gêmeos no sentido literal da coisa, tanto em corpo como cabeça, uma pena eu não ter visto o parto daqueles bocós.

Já meu pai ainda conseguia se manter perto de nós, ele sempre dizia que preferia deixar o celular tocar o dia todo do que se afastar muito de nós.

Uma Cor Para as PáginasOnde histórias criam vida. Descubra agora