A Página Xadrez - Parte Final

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Dia 28 de Fevereiro, Terça-Feira, 1:50 da Tarde.

- Chegou cedo nobre artista.

Gunther era meu melhor conselheiro, depois de ter visto meu caderno, ele mudou bastante.

- Tô no horário de sempre.

- Pensei que agora que você tem uma namorada, viria mais tarde aqui.

- Namorada?! Claro que não!

- Hahaha! Sabia que ficaria tímido assim.

- Você realmente só quer ver o circo pegar fogo mesmo...

- Aceita biscoitos? Tirei agora pouco do forno. - Gunther apagava uma pequena brasa na franja branca.

Ficamos nos encarando em silêncio.

- Não? Tudo bem.

Ele deixa a bandeja de lado, em cima do balcão.

- Lembrei de algo carinha, preciso te entregar algo.

Ao som fofo de suas características pantufas brancas, ele vai até o quarto e volta com um caderno.

- Isso é seu.

- Não, não, não posso aceitar.

- Ah qual é... você merece.

- Não, não mereço.

- Não venha me dizer que ficou arrependido.

- É seu.

- Mas e se eu quiser te entregar? E ai?

- Vou aceitar só por que você anda insistindo muito.

- Eu te ensinei tudo que me era possível.

- Não brinca...

- Tô falando sério.

- E agora?

- Eu ainda vou estar aqui, na casa ao lado do parquinho esperando algum dia você me agradecer por ter se tornado um grande artista.

- Sempre vou lembrar de você, prometo.

- Promessa de amigo? - Gunther se abaixa.

- Promessa de amigo.

Ele sorri, acariciando minha cabeça e bagunçando meus cabelos.

- Você realmente é um garoto de ouro, agora vai viver sua infância.

- Posso ao menos te entregar algo?

- Eu também vou ganhar um presente? Que bacana.

- Toma isso, é seu.

Tiro da minha mochilinha um desenho.

- Oh... obrigado amigo. - Ele parecia surpreso ao ver o desenho.

- A gente se vê um dia desses Gunther! - Aceno e logo em seguida, saio pela porta.

- Você também é cheio dos segredos rapazinho...

2:10 da Tarde.

Gunther não morava distante de Mia, e eu quando criança vivia lá, hoje não seria diferente.

- Uaaau... você é mesmo um amigão.

- Nem tanto assim.

- Foi um gesto bonito vindo de você.

- Filha? Cadê você?

- Oiê. - Mia acena a mãe.

Eliza antes da doença era diferente, usava roupas soltas, como por exemplo, calças e regatas. Sem falar que os cabelos eram castanhos.

Uma Cor Para as PáginasOnde histórias criam vida. Descubra agora