30 capítulo

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Medalhão

Ice pov;

Eu não saía do meu quarto há dias, Dante tentou me subornar com comida, mas ele mal sabia que eu preferia não comer de qualquer maneira.

Eu havia caído profundamente em depressão, mais fundo do que nunca. Respirar estava difícil. Olhei para a parede vazia, tentando processar meus pensamentos. Eu não tinha mais nada, nem vingança, nem propósito.

Até que ouvi uma batida na minha porta.

- Ice, você pode querer ver isso! - Ouvi Dante dizer com urgência, ele estava atrás da porta.

- Eu não quero - rejeitei sua proposta.

- É você? - Ele perguntou e isso chamou minha atenção. O que ele estava falando?

Fiquei de pé e destranquei a porta, abrindo-a para ver Dante. Ele segurava um medalhão de ouro na mão, que balançava suavemente.

- É um medalhão? - Revirei os olhos prestes a fechar a porta novamente.

- Não, olhe - ele implorou antes de eu me virar para ele.

Observei enquanto seu dedo robusto pressionava o menor botão na lateral do medalhão. Abriu e revelou uma foto minha e de Avery quando éramos crianças. Meus olhos se arregalaram de descrença quando peguei o medalhão da mão de Dante.

- Onde você conseguiu isso? - Eu perguntei com desespero em minha voz.

- Um dos homens foi... - Dante parou, hesitando em me contar.

- Pode falar - eu o encorajei, enquanto permanecia com os braços cruzados.

- ... cobrar uma dívida de drogas. A mulher nos deu isso como pagamento, nos disse que era ouro de verdade - Dante terminou, e eu senti como se meu queixo tivesse caído no chão porque eu o abri tanto. O choque correu pelas minhas veias.

- Por que não consigo fazer uma pausa? - Eu gritei enquanto saía com o medalhão. Dante seguiu de perto atrás de mim.

- Quem é esse? - Dante perguntou. Eu não respondi.

- Quem era ela? - Ele perguntou novamente, e mais uma vez eu não respondi.

- Por que ela nos deu isso?

- Dante, por favor, fique quieto! - Eu respondi com raiva, e ele apenas sorriu.

- É bom ver você de costas para você mesmo - ele brincou, tentando acompanhar meu ritmo.

- Você é engraçado - eu olhei.

- Sei quem eu sou.

- Então você vai me contar... - ele esperou, ainda me seguindo.

- É minha mãe - eu disse e até ele pareceu chocado.

- De onde você acha que meu irmãozinho tirou o vício em drogas? É de família. -

Agora o queixo de Dante também caiu no chão em choque. Eu ri quando vi o rosto dele, parecia que ele queria morrer. Eu fiz também.

- Então, para onde estamos indo agora? - Ele questionou, levantando uma sobrancelha e se recompondo.

- Vamos vê-la - eu balancei a cabeça, abrindo o escritório de Ace.

Eu não tinha batido, abri a porta e vi Ace, que estava sentado em silêncio fazendo algumas pesquisas.

- Você não bateu - ele resmungou.

- Eu não preciso, olhe isso! - Eu afirmei, mostrando- lhe o medalhão.

Ele examinou o medalhão por um momento e rapidamente perdeu o interesse.

- E quanto a isso? - Ele revirou os olhos enquanto olhava para a tela do laptop.

- Quem conseguiu isso e onde? - Eu perguntei tão ansiosamente que despertou a atenção de Ace.

- Acredito que Terry tenha conseguido isso de uma mulher que tem uma dívida conosco. Ela ofereceu em vez de dinheiro, por quê? - Ele questionou desconfiado, antes de arrancar o colar da minha mão. Tentei agarrá-lo de suas mãos, mas foi inútil.

Ele bateu na lateral, abrindo o medalhão, revelando Avery e eu.

- Eu não sabia que você era assim quando criança - Ace murmurou, devolvendo o medalhão depois de terminar de bisbilhotar.

- O que você quer dizer? - Eu falei, enfiando o colar no fundo do bolso.

- Você era fofo - Dante entrou na conversa com um sorriso atrevido, se encostando na mesa. Joguei uma garrafa vazia da mesa de Ace em direção a Dante e ele se esquivou com uma risada. Sorri ao sair da sala para interrogar Terry.

Caminhei até a frente da casa, onde Terry ficou quieto, mantendo sua posição.

- Terry, de onde é esse medalhão? - Eu questionei, segurando o medalhão o mais próximo possível de seu rosto. Terry recuou um pouco antes de inspecionar o medalhão. Ele pareceu confuso por um momento até que vi seu rosto se transformar em compreensão.

- Ah, é de uma mulher da Fourth Street. Ela nos devia muito dinheiro com drogas e ofereceu o medalhão como parte do pagamento. - Ele falou, se perdendo na história. Eu queria fazer muitas perguntas, mas decidi que seria melhor ir eu mesmo e dar uma olhada.

- Dante, vamos, vamos em missão! - Eu afirmei, correndo pela entrada.

- Em primeiro lugar, Ice, podemos pegar o carro e, em segundo lugar, nem sabemos para onde estamos indo - ele falou, matando cada grama de energia que eu havia reunido dentro de mim.

- Terry, para onde estamos indo? - Suspirei, enquanto Terry ria enquanto Dante tinha um sorriso malicioso estampado no rosto. Ele sabia que estava certo.

- Vou tirar esse sorriso do seu rosto - eu o ameacei antes que Terry me interrompesse.

- Quarta rua, apartamentos Blackwell, porta 79 - Terry disse, lendo uma lista em seu telefone.

Dante e eu entramos no carro, ele estava dirigindo porque eu estava com preguiça.

Chegamos ao centro e percebi que não era muito longe da minha antiga casa. Talvez uma caminhada de vinte minutos e você chegasse à minha casa a partir deste ponto.

Ela não poderia estar viva, poderia?

Todo esse tempo eu acreditei que ela estava morta. Tive uma overdose anos atrás, no apartamento de outra pessoa e eles simplesmente jogaram fora o corpo. Ela não poderia nos deixar sozinhos, sabendo que ainda estávamos lá.

Paramos em frente aos blocos de apartamentos, cada um mais monótono que o outro. Os apartamentos eram de um branco sujo, com um tom laranja bolorento em volta das janelas. Era feio de se olhar. Manchas cinzentas arruinaram o prédio.

Comecei a me preocupar com nosso plano. E se ela estivesse aqui? O que eu diria? Ela sabe que Avery está morto?

Eu poderia matá-la. Não, eu teria que matá-la. Como ela ousa não cuidar de Avery? Ela abandonou dois filhos, nos deixando desesperadamente presos em nossa casa. Felizmente sempre fui mais maduro do que minha idade.

- Você estava tão ansioso para chegar aqui e agora está hesitando? - Dante disse, parecendo não acreditar na minha súbita mudança de emoção.

- Eu não posso fazer isso Dante, eu vou matá-la - murmurei, minha mão cobrindo minha boca com preocupação.

- É por isso que estou aqui - ele disse enquanto sorria, levantando o polegar e abrindo a porta do prédio.

- Ok - eu balancei a cabeça, seguindo atrás dele.

As cold as Ice - {traduzido}Onde histórias criam vida. Descubra agora