estrofe 12

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    Como dito por Brian, eles saíram cedíssimo. O caminho do hotel deles até o aeroporto internacional de Gimhae não era tão longe, na verdade, era pertíssimo, apenas alguns quilômetros, mas naquele dia em específico parecia que todas as pessoas da cidade decidiram fazer o mesmo percurso e um enorme engarrafamento se instalou. O trio estava no carro pessoal de Brian, embora tivessem a van da empresa, mas foi uma decisão pessoal do manager os levar em seu carro, seria menos chamativo um carro social aparecer num aeroporto do que uma van preta com os três maiores artistas do momento.

Apesar de ser bem cedo, Brian temeu que a viagem deles fosse turbulenta por conta dos fãs que deduziram que Christopher pudesse estar indo viajar, pela nota que a JYP soltou sobre o pequeno hiatus do artista, e por isso a decisão de levá-los em seu carro, e também porque a ida de Changbin e Jisung não fazia parte do combinado. Não era para eles estarem indo, mas Brian não podia impedir isso. Ele tinha noção da capacidade de Changbin, ele era um cara com opinião forte e sempre cumpria sua palavra. Ele disse que iria com Christopher, então ele iria, com ou sem permissão. Conhecia as polêmicas que o rapper já se envolveu, ir contra ele nunca resolveu seu comportamento ruim, então apenas deixou que ele fizesse o que bem entendesse, mesmo que seu trabalho fosse ir contra isso, ser firme com os três, não permitir que eles fizessem besteira. Mas honestamente? Brian nem gostava tanto assim desse trabalho.

Estavam presos naquele engarrafamento gigante fazia bons quarenta minutos, ou talvez já fizesse uma hora, Jisung já perdeu as contas. Ele espiou pela janela, era um dia morno, o céu estava nublado e a paisagem parecia mórbida pelo clima. Escutou Changbin ao lado no banco de trás suspirar impaciente, abrindo um pouco a janela para deixar o vento circular. Jisung nunca se sentiu tão entediado na vida. Ele já jogou todos os jogos do seu celular, até os de resolver sudoku, que eram para quando ele estivesse no auge do tédio. Se olhasse para frente, veria Younghyun balançar a cabeça no ritmo de Out Of Touch, uma música que ele vinha ouvindo muito durante as últimas semanas, e ao seu lado no banco do passageiro estaria Christopher com fones de ouvido e a cabeça encostada na janela. Ele estava quieto desde quando acordou, não falou muito e nem respondeu aos provocamentos costumeiros de Changbin pela manhã. Nadinha. Jisung sabia que ele estava triste, e o deixou quieto, mesmo preocupado.

Queria que ele falasse o que tinha em mente, o que tanto o deixava aflito. Pelo que Younghyun falou, foi uma grande perda para ele, mas Christopher tinha esse defeito, ele sempre ficava quieto quando algo o incomodava. Changbin também era assim. Odiava isso. Era alguém comunicativo, sabia que conversar resolvia a situação, sua família o ensinou isso, mas era difícil lidar com pessoas que não conversavam, e apenas guardavam tudo para si mesma. Cansado de pensar e com um pouco de frio, Jisung abraçou o próprio corpo, espiando Changbin no canto a sua direita, ele parecia pensativo, igualmente quieto. Quis estender a mão e tocar na dele, entrelaçar os dedos e dizer que eles estavam juntos nessa, embora eles não pudessem ver isso. Embora eles estejam fazendo isso cada um por seus motivos, mas Jisung estava indo para um país estrangeiro com eles porque os amava, porque queria ficar com eles, ajudá-los e cuidar para que eles ficassem bem. Talvez eles não enxergassem a situação da mesma maneira que Jisung, e não ficaria triste se soubesse disso — ou talvez um pouquinho, era bem sentimental.

Jisung fez, ele não pensou direito por estar muito entediante, ele esticou a mão e tocou a de Changbin que estava entre o assento dos dois, apenas a ponta dos dedos tocando a pele cor de caramelo, e se fez de desentendido. Apertou os olhos com o coração na boca, estava assustado. Por que fez isso? Meu Deus, se sentiu um garotinho tocando na mão do garoto que gostava — e a situação era exatamente essa, mas não podia falar em voz alta isso, parecia estúpido. Ficou quieto com a mão ainda na dele, sentindo a pele quente e macia. Ele notou. Claro que Changbin notou. E ficou ainda mais surpreso quando ele segurou de volta, a mão apertando a sua, como um silencioso “Ei, olha pra cá”, mas não teve coragem de olhar, estava corado como um camarão.

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