estrofe 16

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       Em frente a porta de Changbin, Jisung bateu na superfície com a mão livre enquanto com a outra equilibrava o prato. Chris ao lado pareceu inquieto, como também estivesse preocupado. Silêncio. Jisung bateu mais uma vez, três toquinhos e nada.

— Hyung, sou eu, Jisung. — Apelou com uma voz mansa. — A gente trouxe fruta pra você. Vem comer. — Girou a maçaneta, mas a porta ainda estava trancada. — Tem certeza que ele está aqui? Talvez ele saiu e levou a chave.

— Não tinha como ele sair sem que a gente visse. — Pontuou, e desta vez, Christopher quem bateu. — Bin, você precisa comer. Abre a porta.

— Vocês são tão barulhentos. — Changbin resmungou abafado lá de dentro. Num passe rápido, ele destrancou a porta e abriu. Eles se encararam naquela curta distância, um Jisung de cabelo molhado, um Christopher com as orelhas vermelhas e um Changbin entediado. Ele deu espaço para os dois entrarem e fechou a porta depois, indo até ao banheiro para buscar toalhas para eles.

Ele voltou do banheiro com duas toalhas de rosto brancas e limpas, entregando a dupla que se apossou do espaço na sua cama desarrumada. Changbin entregou as toalhas e pegou o prato com pedaços de frutas, sentando com as costas na cabeceira. Pretendia descer em algum momento, estava esperando eles saírem do andar debaixo, não queria conversar ou fazer alguma coisa. Sabia que devia estar com Jisung tentando distrair Christopher sobre o fato que os trouxe a Austrália, mas as ligações no seu celular não paravam um segundo, então ele tentou mandar mensagem para Seungkwan e resolver alguns assuntos privados enquanto esperava eles cansarem e subirem. Bom, não estava nos planos deixar eles ficarem no seu quarto, realmente não estava. Porém, eles pareciam preocupados, e não conseguiu expulsá-los.

Eles ficaram na sua frente, Jisung deitado no meio da cama e Christopher sentado na beirada, mexendo no celular, fingindo estar ocupado para Changbin não perceber que ele estava sim um pouco bêbado. Mas o que podia fazer? Não era todo dia que podia beber para extravasar, talvez tenha passado um pouco do limite, mas sentia que não estava bêbado ao ponto de dizer seus maiores segredos, era só ficar quieto até Changbin os mandar embora, ele aguentaria ficar quieto até lá.

— Por que você ainda não desfez as malas? — Jisung indagou, vendo a mala do rapper aberta no chão com todas as roupas dentro.

— Não vamos ficar muito tempo, é mais prático deixar assim. — Respondeu o mais casual possível, embora suas intenções fossem outras. Ele pretendia voltar antes de Jisung, ou pelo menos um dia antes dele. Mas Jisung não precisava saber por enquanto, ainda estava resolvendo isso.

— Faz sentido.

— Quando vai ser a cerimônia? — Changbin perguntou tentando soar o menos insensível possível, sabia que aquele ainda era um tópico sensível, mas precisava de datas ou todo seu planejamento não daria certo. Christopher finalmente o olhou, ele parecia perdido na conversa deles, mas logo se acentuou, virando para Changbin.

— Amanhã, eu acho. Tô esperando Ameya me confirmar tudo essa noite.

— Changbin, o que tá rolando contigo? — Jisung sentou na cama, apoiando as mãos no colchão, ficando de frente para um Changbin de pernas encolhidas e a boca um pouco suja de morango. — Você passou o dia todo nesse quarto, não veio pra piscina com a gente, o que você tá escondendo?

— Não curto piscina.

— Hyung. — Segurou no joelho dele, perigosamente perto. — Changbin, é sério.

— Você não precisa saber de tudo, Han. Às vezes ser ignorante é uma dádiva. — Ele não pareceu satisfeito com a resposta dele. — Acredita em mim, tá bom? Não é nada.

ERROR | 3RACHAOnde histórias criam vida. Descubra agora