Após alguns minutos, Katy retornou correndo com a chave em punho e a entregou para David.
— Obrigado senhorita. — Agradeceu o doutor levando de sua cadeira. — Preciso sair agora. Se alguém me ligar, anote o recado e diga que retorne amanhã de manhã a ligação, se for algo muito urgente me mande uma mensagem com o número que eu retornarei a ligação.
— Mais alguma recomendação senhor David?
— Não, mais nenhuma. Creio que se eu não retornar em uma hora e ninguém me procurar, poderá ir embora para sua casa. — Respondeu o médico saindo da sala.
David seguiu a esquerda pelo corredor girando a chave no dedo, algo tipo de Santiago, porém, era a primeira vez que o médico realizava tal ato. O caminho que escolheu percorrer era relativamente curto, alguns metros; no entanto, muitas coisas passavam pela sua cabeça durante aquele caminhar.
Poucas horas atrás, o mesmo médico que agora gira a chave no polegar, ceifava a vida de um pobre perito que morreu sem saber o porquê, enquanto David agachado no chão zombava da situação do defunto, e agora desfilava pelos corretores do grandioso Hellingly como nada tivesse acontecido, mas apesar disso, o assassino planejava algo, talvez tão grandioso quanto o hospital ou mais nojento do que a morte de Jerry... David realmente estava decido em fazer o que se passava em sua mente no trocar de passos...
O sol do lado de fora começava a se esconder, enquanto o vento chato e a névoa típica daquela região começavam a aparecer. Murry continuava seu caminhar lento e irritante. Dobrou a esquerda novamente e após mais alguns passos, parou bruscamente frente a uma porta, como uma estátua.
David fixou o olhar para a maçaneta brilhante da porta marrom, parou de girar a chave e coçou a cabeça.
— Será que devo fazer isso? — Indagou o médico a si.
Por trás daquela porta, uma mulher estava deitada em sua cama, provavelmente chorando e mal sabia que do lado de fora, alguém perturbado estava travando uma luta contra seu próprio ser para decidir se faria alguma coisa. Certamente a mulher que ali estava preferia a morte a permanecer naquela maldita situação; talvez a morte fosse uma conquista para ela frente tudo o que acontecia. Deitada, não conseguia entender como sua vida poderia mudar tanto em tão pouco tempo. Ontem era amada por todos e hoje era amada apenas pelo desgosto que teimava em perturbá-la com certa frequência.
Do lado de fora, separados por alguns passos e duas portas, David empunhou fortemente a maçaneta, porém, não a girou como pensou que faria. Sem soltar o cepilho, o médico pegou a chave e trancou a porta com duas voltas da chave. Assim que terminou, soltou a maçaneta e deixou a chave na fechadura, retirou um lenço do bolso e limpou com esmero onde segurou.
— Agora está bem limpinho, consigo até me ver na maçaneta. — Disse David após dar uma baforada no cepilho de ferro para deixá-lo brilhante após o passar de lenço. — Agora posso fazer o que tenho que fazer sem ser incomodado.
Dentro do quarto, Mary continuava deitada, sendo que já estava mergulhada em um sono quase profundo.
O médico seguiu seu caminho pelo corredor, onde após passar algumas portas, deparou-se com um lance de escadas no qual desceu rumo à garagem. — Senhor Santiago. Já por aqui? — Indagou o médico ao avistar Santiago próximo a garagem.
— Sim senhor. Resolvi descer e caminhar um pouco.
— Perfeito! Podemos adiantar o nosso trabalho. Entre no meu carro agora. — Ordenou David seguindo para o carro.
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A Outra Face do Medo
HorrorMary é uma psicóloga recém formada nos Estados unidos e recebe um convite para trabalhar em um hospital psiquiátrico na Inglaterra, porém esse hospital se tornou noticia no mundo todo por causa de duas mortes que ali aconteceram; mortes atribuídas a...