Poucos metros de onde estava Mary; Santiago estava acordando; os raios de sol adentravam pela janela aberta, as cortinas balançavam. Assim que acordou, pegou o seu celular e guardou-o no bolso da calça e se dirigiu ao banheiro.
— Senhor Santiago! Senhor Santiago!
— Quem? – Perguntou o rapaz enquanto lavava o rosto.
— Senhor Santiago, sou Katy, secretaria do Doutor David. – Respondeu a mulher parada na porta do quarto. — Ele o chama na sua sala, urgente.
— Ok! Obrigado! – Gritou o rapaz respondendo Katy.
— Com licença senhor. – A mulher se mexeu, voltando para sua sala.
— Katy! Katy!
A mulher voltou assustada, indagando:
— Aconteceu algo senhor?
— Não, não Katy! – Respondeu Santiago rindo. — Quero apenas saber se você tem conhecimento do conteúdo da conversa que ele quer ter?
— Não. O senhor terá que ir verificar pessoalmente na sala do doutor David, desculpe.
— Entendo senhorita Katy, obrigado.
— Com licença senhor.
Santiago voltou a se arrumar; há algum tempo não conversava com doutor David e certamente deveria ser um assunto importante, pois conhecendo o médico da maneira que Santiago conhecia, ele não perturbaria ninguém àquela hora da manhã, assim, Santiago realmente pensava que o assunto era de suma importância. Assim que terminou, pegou seu velho e inseparável blazer que estava repousado sobre uma cadeira próxima a cama e seguiu em direção a sala do médico, trancando a porta e guardando a chave no bolso da camisa amassada.
Alguns minutos pelos desertos corredores do hospital, Santiago adentrou a sala de David.
— Olá doutor, bom dia! Tudo bem? – Perguntou Santiago um pouco desconfiado enquanto caminhava para uma cadeira a frente da mesa.
— Antes de lhe responder, por favor, feche a porta e não será preciso se sentar, prometo ser breve, então, por favor, feche a porta.
— O que tens para me falar de tão importante que tem medo que as paredes do corredor ouçam? – Indagou o rapaz enquanto fechava a porta e retornava para perto da cadeira.
— Nada demais Santiago, apenas estava com saudades de sua companhia, afinal, já faz algum tempo que não conversamos não é mesmo? E pedi para fechar a porta por dois simples motivos.
— Quais motivos doutor?
— Bom, o primeiro deles é que estou com saudade de conversar com você e não com as paredes do corredor, paredes estas, que converso todos os dias. O segundo motivo é que o que tenho para falar para você, diz respeito apenas a você, e não as paredes desse maravilhoso hospital.
Santiago percebeu o tom agressivo do doutor; comportamento diferente do que demonstrava antigamente quando conversavam; certamente estava mudado ou alguma coisa de suma importância estava incomodando o médico.
— Desculpe-me senhor. Porém percebo que se encontram um pouco alterado e confesso que estou um pouco surpreso, pois nunca vi o senhor assim e levando em consideração que estamos nas primeiras horas do dia, após o sol surgir, não entendo realmente porque adota esse tom. – Disse Santiago sentando-se na cadeira. — Peço-lhe desculpas, porém preciso mesmo sentar, a noite passada não foi lá muito bem.
— Não sei por que insiste sair com essa mulher, é mais do que claro que ela não gosta de você, isso faz apenas com que as relações entre vocês se desgastem e devem lembrar que trabalham juntos, no meu hospital.
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A Outra Face do Medo
HororMary é uma psicóloga recém formada nos Estados unidos e recebe um convite para trabalhar em um hospital psiquiátrico na Inglaterra, porém esse hospital se tornou noticia no mundo todo por causa de duas mortes que ali aconteceram; mortes atribuídas a...