Capitulo 4

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  Dias depois de mandar a última carta. Mary não obteve nenhuma resposta. A partir daquele exato momento, ela começou a pensar que seus pais estavam mesmo magoados com ela, pois nunca aceitaram a idéia da filha ir para Inglaterra, um lugar tão longe de New England, e pelos boatos sobre demônios, a ida de Mary nunca foi aprovada por ninguém da família

  Mary se encontrava no banho, se preparava para seu primeiro dia de trabalho tendo relação direta com os pacientes que lhe foram confiados.

  Já se aproximavam das sete e trinta e oito da manhã. Do lado de fora, o Sol vagarosamente se levantava para emprestar seu brilho para todos. Os pássaros saiam dos ninhos para encontrar alguns vermes para saciar a fome de seus filhotes, os que não tinham crias para se preocuparem, permaneciam imponentes nos galhos das árvores cantando a melodia que despertava todo o Hospital Hellingy. Ainda do lado de fora, uma fria, mas agradável brisa roçava a face de quem insistia em permanecer lá fora. O solo estava completamente molhado, mesmo com o forte sol que se ostentava lentamente no horizonte, as gotículas de orvalho insistiam em molhar as gramíneas do vasto jardim.

   Lá dentro, mas precisamente no banheiro da psicóloga, a mesma se encontrava completamente nua. No banheiro não tinha cortina, mas a fumaça que saia da água quente fazia o papel da mesma.

  Após alguns minutos de ducha, ela desligou o chuveiro, enxugou rapidamente os cabelos molhados, envolveu-se em uma toalha e se dirigiu até o quarto onde um maravilhoso café da manhã já estava a sua espera. Sentou-se na cama ainda nua, apenas com a toalha ao redor de seu belo corpo. Começou a degustar um pouco de tudo que ali estava. Mamão, maçã, uva, morango, pão com geléia e suco. Em outra bandeja que se encontrava em sua cama tinha um café da manhã tipicamente inglês. Idêntico aos servidos na maioria dos pubs e lanchonetes da Inglaterra. Ao observar a bandeja, percebeu que tinha uma generosa porção de ovos fritos, bacon, salsicha, pão frito, feijão cozido e cogumelos. Para beber, tinha duas grandes xícaras de porcelana. Em uma havia um café não muito forte e na outra um tradicional chá com leite inglês.

   Após comer um pouco de cada coisa, Mary se deslocou até seu escritório e empunhou algumas papeletas que se encontravam sobre a mesa. Examinou todas minuciosamente. Precisava escolher um paciente para iniciar as atividades daquela manhã. Por ventura, uma papeleta aguçou a curiosidade da jovem. Era a ficha do paciente do quarto quatrocentos e quinze, o mesmo que fora acusado por alguns de ter assassinado o doutor. Peter. Apesar de terem “provas concretas” de que o paciente não foi culpado e sim um suposto demônio, algumas pessoas o culpavam, pois a maior travessura que o diabo fez foi convencer o mundo de que ele não existia.

    Com o prontuário do paciente em mãos, retornou ao quarto e pegou sua roupa que estava sob uma cadeira e a vestiu. Colocou uma calça jeans pouco justa de lavagem clara; colocou uma blusa branca meio transparente, realçando seus seios e sob a blusa colocou seu jaleco branco ainda novo recém tirado do plástico. Após se vestir, retomou o prontuário em mãos e saiu, trancando a porta.

   Mary encaminhou-se até a sala de Santiago para convidá-lo a ajudá-la a garimpar alguns dados adicionais sobre o tal paciente.

   Bateu violentamente a porta de Santiago e imediatamente ela abriu-se lentamente. Ao adentrar, se deparou com um rapaz sentado em uma cadeira giratória de costa para a porta e ainda vestido de roupão... Era Santiago. Ele se encontrava diante de sua mesa, sobre a mesma se encontrava repousado um jogo de xadrez totalmente em madeira, esculpido a mão. Do lado esquerdo, também repousado sobre a mesa, se encontravam três livros, dos quais somente um deles Mary conseguiu identificar o nome (Mentes Sombrias). Ao lado direito próxima a mão de Santiago, se encontrava uma pequena xícara de café que lentamente era consumido por ele.

A Outra Face do MedoWhere stories live. Discover now