Capítulo 7

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  • Dedicated to Alice Simm
                                    

Nos Estados Unidos o sol estava tímido, um vento frio cortava a pele dos poucos que insistiam em sair de casa. Em New England, a casa onde Mary passou parte de sua vida estava lá, intacta, porém com a pintura vermelha um pouco desbotada. A porta estava entreaberta; dentro da residência tudo estava como sempre, todos os objetos guardados, limpos. Subindo um lance de escada poderia se encontrar três quartos. Um pertencia aos pais da jovem, outro de seu irmão mais velho que há muito tempo não ia para casa, pois estava servindo a Marinha, o outro quarto era de Mary, ele estava ainda do jeito que ela o deixou antes de ir para Inglaterra. O outro quarto estava fechado, há muitos anos aquela porta não era aberta.

No quarto dos donos da casa se encontrava um telefone sob uma mesinha próxima a cabeceira da cama de casal. De repente ele começou a tocar insistentemente, era Mary que ligava novamente sem ninguém ao menos tocar ao telefone. Quando terminou de tocar, um barulho pode ser ouvido subindo as escadas, a caminho do quarto, era o irmão da jovem, que acabará de chegar da Marinha.

James Doohan, era um rapaz com aproximadamente vinte sete anos, entrará na Marinha norte-americana com a idade de dezoito anos. Seus pais nunca aprovaram sua escolha de ser combatente naval, esperavam um futuro diferente para o filho, vê-lo cursando uma faculdade, trabalhar em empregos normais, tinham medo de que rapaz morresse em combate e nunca mais encontrassem seu corpo. James gostava muito do serviço naval, era sargento, participou ativamente de algumas intervenções realizadas pelo governo norte-americano contra alguns países. Porém a sua chegada em New England não era esperada naquele momento.

Doohan adentrou ao quarto, pegou o telefone e começou a discar, porém decidiu parar quando apertou a terceira tecla. Colocou o telefone novamente no gancho e se dirigiu a cozinha, a viagem tinha sido longa e nada melhor que um lanche para recuperar as energias. Nesse mesmo momento na Inglaterra, Mary, sua irmã, estava fazendo à mesma coisa.

Já fazia algum tempo que a jovem psicóloga estava na Inglaterra, e muitas coisas perturbavam sua mente. Santiago não sabia, mas Mary permanecia ainda com um recorte de jornal sobre a morte de Peter, pai do agora dono do hospital David.

Era um dia atípico naquele local, o tempo mudou de modo repentino, um calor absurdo surgiu do nada. Muito diferente para aquela região do país que estava acostumada com o clima típico inglês. Mary continuava sentada, comendo a sua maçã e olhando para o telefone, quase hipnotizada. Segurava tão forte a garrafa d’água que o liquido em seu interior ficou quente. Porém Mary parou de olhar para o telefone, dando fim em seu transe perturbador com o mesmo. Prestava atenção agora, em um barulho que vinha do corredor.

— Mary! Mary! Mary! – Gritava Santiago correndo pelo corredor em direção à sala da psicóloga.

Ela levantou de sua cadeira e se dirigiu ligeiramente em direção a porta. Quando colocou a mão na maçaneta, Santiago adentrou rapidamente jogando-a ao chão.

— Você está louco seu imbecil!

— Desculpe linda, é que aconteceu algo grave. – respondeu Santiago ajudando a jovem a se levantar.

— Grave? O que aconteceu seu boçal! Inútil! – gritou ela ainda brava.

— Quarto quatrocentos e quinze, por favor.

— O que aconteceu no quarto quatrocentos e quinze?

— Que bagunça é essa? Será que ninguém trabalha nessa merda de hospital?! – Disse David Murry entrando na sala.

— O senhor não pode entrar na minha sala falando desse jeito, podes ser o dono do hospital, mas aqui dentro quem anda sou eu!

— Mary, não se esqueça que você tem essa sala porque eu a convidei para trabalhar aqui!

A Outra Face do MedoWhere stories live. Discover now