𝐂apitúlo 29

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Eu e o diabo, andando lado a lado.

(Possíveis gatilhos: depressão, ansiedade, alto mutilação etc)

    𝐄xiste algo chamado livre arbítrio. No cristianismo você o tem no momento em que nasce como um pecador. Fora dele, você é um salvador. Todas as decisões que tomam sempre estão ligadas a um motivo futuro. No momento que estou sendo algemada unicamente e sendo levada para o carro da polícia, ouço carros da TV local chegando com seu "livre arbítrio".

Prontos para drenarem todo o sangue que tenho. Por algum motivo, Alan não prendeu Jake, e o deixou no local sendo impedido de se aproximar de mim. Violet e Eric foram recolhidos por uma equipe médica e tiveram atendimento o mais rápido possível. Assim que entro no carro e a porta é fechada, eu esperava chorar. Gritar e gritar implorando pra que me soltasse.

Mas por algum motivo, eu só soube rir. Gargalhar enquanto as lágrimas caiam de meus olhos. Todo o vazio que eu sentia, se substituiu por um ódio insólito. Agora sim, eu sabia, que ser boa demais era uma maldição que me levou ao fracasso. Observei Jake gritar sobre a barreira de guardas que o impediam de me levar pra longe dele. Lilly estava junto a Jake, ela estava com o nariz sangrando e Thomas sentado no chão contra o carro segurando a cabeça.

O carro começou a se afastar do galpão, e encostei minha cabeça no banco fechando os olhos. Eu tinha tudo o que precisava agora. Paz. A paz vai me fazer levar o inferno ao Alan, e farei questão de o fazer sofrer enquanto vejo a vida esvair de seus olhos.

── Como pode um rostinho tão bonito desse esconder tanta frieza e com as mãos sujas de sangue? ─ o policial que dirigia riu me olhando.

Fiquei em silêncio o olhando sem demonstrar nenhuma expressão. Os meus pensamentos estavam em guerra agora, frases e corrupções voando uma contra as outras tentando achar uma maneira de fazer tudo explodir. Olhei para minhas mãos vendo sangue seco embaixo das minhas unhas.

Momentos depois cheguei na porta da delegacia, as notícias já haviam corrido. Pessoas gritavam tacando coisas contra o carro, me xingando e com ameaças de morte. Continuei sem demonstrar importância, com um sorriso brincando nos meus lábios ressecados.

── Qual a graça? Você vai ser comida viva na prisão putinha. ─ o motorista novamente riu enquanto estacionava o carro.

Sai sobre gritos e protestos das pessoas. Alan estava vindo em minha direção, com uma faixa no nariz e os lábios sangrando. Ele se aproximou pegando o meu braço e sussurrando disfarçadamente.

── Tudo bem querida? ─ ele deu um sorrisinho beijando minha orelha enquanto me levava.

Assim que entro na delegacia, todos estão em pé, me encarando com raiva e aversão. Alan continua a me levar, e me coloca em uma sala fria e quieta de interrogatório.

── Ah S/n... ─ ele bufa fechando a porta enquanto acena para seu parceiro desligar o microfone.

Continuo quieta, olhando ele detalhadamente. Eu não pisco nem por um momento sequer.

── O que você achou que iria conseguir? Você não foi capaz de salvar seu amigo Richy, e do nada achou que seria capaz de salvar o pobre Adam? ─ ele se sentou rindo.

Um sorriso de lado esticou os meus lábios, e me endireitei o olhando em silêncio absoluto. Quase que o constrangendo com sua voz.

Golden Hacker - Moonvale Onde histórias criam vida. Descubra agora