Tatterfell fora chamada apenas para ajudá-lo a dar os toques finais no visual de Jude. A diabrete adentrou os aposentos reais na postura mal-humorada de costume, porém, sua expressão contorceu-se para um esbugalhar de olhos e um queixo caído quando vislumbrou a Grande Rainha.
Jude encontrou seus olhos contemplando espantada, pela primeira vez desde que conheceu Tatterfell ainda na infância, a mudança facial para a sua versão estupefata.
— Estou tão ruim assim? — perguntou honestamente, uma mão indo ao rosto. Os termos do acordo realizado incluíam a cláusula de Jude ser a última a se ver, então a jovem soberana não fazia ideia de como aparentava.
— Como é? — Cardan, Grande Rei de Elfhame, seu marido e quem lhe fez a proposta inicialmente, surgiu de dentro do closet reservado a ela segurando algumas peças de roupa e uma grande caixa ricamente ornamentada contendo o que ela achava serem seus sapatos. A voz demonstrava indignação tanto pela audácia da primeira conclusão de Jude quanto pela ausência de resposta da diabrete ainda boquiaberta. Ele jamais a deixaria "tão ruim assim". Muito pelo contrário. Ao propor maquiar, trajar e pentear sua Rainha, as intenções do feérico eram as de torná-la a figura mais sublime presente no salão do trono e em toda Elfhame.
Ignorando a explosão de Cardan, Jude ainda aguardava a fala sincera de Tatterfell. Esta finalmente pareceu encontrar a língua para balbuciar:
— Não, Vo- Vossa Majestade... A bem da verdade, longe disso.
— Então...
— Lembre-se, maliciosa, inclemente e querida Jude, o objetivo disto tudo é você não saber nada de sua aparência até o momento certo — interrompeu um orgulhoso Cardan com uma piscadela lasciva. O elogio implícito na fala de Tatterfell retornando seu humor ao estado metido e brilhante habitual.
— E quando será o momento certo? — sarcasmo pingava de seu tom.
— Verá.
A mulher humana suspirou em derrota. Não havia um objeto reflexivo sequer no quarto real. Tudo na intenção de que ela não se visse.
"Uma questão de confiança."
Cardan postulou dessa forma a princípio. Após, encheu-a de gracejos e promessas como um bom feérico faria para prender um mortal numa armadilha de palavras. Entretanto, na qualidade de conhecedora exímia das maquinações das fadas, Jude foi esperta ao perceber que o que o marido propunha era aquilo que ele afirmava ser.
Ele anunciou seu interesse perante os cortesãos, os serventes e os soldados buscando deixar a plateia que os assistia abaixo do estrado dos tronos ansiosa pelo próximo dito.
"Quero que me permita a honra de ser sua aia por uma noite. Quero fazê-los sentir seu poder através da Imagem. Quero exteriorizar em você a forma como a vejo para todos."
"E como me vê?"
Munido de um sorriso felino, e querendo atiçá-los um tanto mais, Cardan vagarosamente passou os olhos pela massa de súditos já extasiada com a perspectiva da temática em questão, inclinando-se, para o desespero da mesma, no intuito de sussurrar somente à Jude:
"Como uma Deusa implacável em sua ambição, perversa para com os seus inimigos e absolutamente bela – intrínseca e extrinsecamente – para com seus amados. O clarão efêmero que antecede a tormenta inigualável. Entretanto, você é o relâmpago, a tempestade e o caos seguinte, devo lhe assegurar, cara entidade suprema. E eu não poderia me esquecer: você é também a brisa amena que consola os desesperados na manhã posterior ao desastre, minha doce Nêmesis."
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Uma Imagem À Sua Altura, Minha Doce Nêmesis
Fanficᴇsᴛᴀᴠᴀᴍ ᴀᴍʙᴏs ғʀᴇɴᴛᴇ ᴀ̀s ғᴀᴅᴀs ᴄᴏʀᴛᴇsᴀ̃s, ᴀ̀s sᴇʀᴠᴇɴᴛᴇs ᴇ ᴀ̀s ᴄᴀᴠᴀʟᴇɪʀᴀs ɴᴏ sᴀʟᴀ̃ᴏ ᴀʙᴀʀʀᴏᴛᴀᴅᴏ ᴘᴇʟᴀs ᴍᴇsᴍᴀs. ᴀᴍʙᴏs sᴇɴᴛᴀᴅᴏs ᴇᴍ sᴇᴜ ᴛʀᴏɴᴏ ᴄᴏɴᴊᴜɴᴛᴏ ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴏ ɢʀᴀɴᴅᴇ ʀᴇɪ ʀᴇsᴏʟᴠᴇᴜ ʟᴇᴠᴀʀ ᴀ ᴄᴏɴᴠᴇʀsᴀ ᴀᴏs ᴏᴜᴠɪᴅᴏs ᴅᴏs ᴅᴇᴍᴀɪs ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇs ᴇᴍ ᴜᴍᴀ ᴠᴏᴢ ᴄᴀʀʀᴇɢᴀᴅᴀ ᴅᴇ ᴍ...