Inúmeros e conceituados bardos apresentavam-se na Grande Corte frequentemente, entretanto, naquela noite em particular, em honra da Grande Rainha, tantos eram os músicos que poderiam formar uma enorme e maravilhosa orquestra. A bem da verdade, era o que estava acontecendo no momento.
Rabecas, flautas doces, charamelas, harpas, gaitas e tambores, inclusive saltérios! E diversos outros instrumentos, fossem afamados ou não. Todos em comunhão com os belos cantos criavam uma sinfonia sem paralelo, ímpar em qualquer aspecto passivo de existência. Juntos, produziam um som capaz de arrebatar até mesmo o mais ignorante dentre os simplórios.
Obviamente, era a música do Povo. Era mágica no sentido mais trivial do adjetivo. Envolve seu corpo, sua mente e em especial, sua alma, bem como os escusos desta e os próprios recônditos destes. Suscita obscuras paixões relegadas às mais profundas trevas, anseios vis trancados a sete chaves e enterrados a sete palmos em seu imo. Eleva-te ao paraíso realizado para, em seguida, o fazer cair no mais baixo dos tártaros sob a acusação reveladora de seus desejos mais sórdidos.
Os vários músicos resolveram organizar-se ao redor da pista de dança, onde os seres feéricos valsavam em círculos geométricos e travavam rodopios álacres nos seus trajes pomposos de infindáveis tonalidades e modelos, suas onerosas bijuterias cintilavam em resposta ao tremeluzir das chamas que auxiliavam o brilho do luar a desobscurecer a noite. Havia mortais em meio a eles no bailar, alguns poucos que se atreviam ao risco de dançarem até a exaustão final. Observando-se com mais atenção, distinguia-se que mais humanos estavam dançando, tocando, cortejando e realizando todas e quaisquer outras atividades como se não existisse perigo algum às suas vidas. Seria bravata ou insipiência aquilo?
A vista, na universalidade de seus elementos, assemelhava-se em demasia a uma tela viva. Os poucos pormenores que quebravam o aúdio visual do cenário eram os intensos sabores e os doces aromas oriundos do bufê disposto em mesas quase encostadas às paredes locais, ou em bandejas deslocadas com proficiência pelas mãos treinadas dos serventes através da multidão animadamente reativa ao bizarro da situação.
O ar era também carregado dos olores singulares de cada região de Elfhame, perfumes que não eram possíveis de replicação ora pela falta dos ingredientes – encontrados apenas em certas regiões do reino –, ora pela ausência da receita, onde muitos fabricantes viam-se no direito de perecer sem repassá-las.
Para muitos dos presentes tais fragrâncias sequer eram imagináveis antes daquela noite.
E, contrariando toda e qualquer expectativa, Jude não tinha se deixado abalar pela emoção proveniente dos instrumentais e dos vocais em conjunto, ou pela beleza da cena em frente a ela, além, logicamente, dos outros detalhes não menos chamativos. Estava perfeitamente ciente da qualidade das notas em harmonia, das fragrâncias violentamente bem odoríferas, do gosto impecável dos quitutes e líquidos que lhe vinham sendo servidos e do paradigma extraordinário que seu lugar a proporcionava.
O que a segurava em seu assento eram as palavras proferidas pela bruxa – o conhecimento que elas traziam – eram proteção suficiente.
Muitos cortesãos vieram e saudaram-na no decorrer do sarau, uns trazendo à sua real atenção disputas políticas de seus respectivos territórios, enquanto outros optavam por encher seus ouvidos de bajulação – umas saídas a contragosto, algumas nem tanto, outras objetivando impurezas a quatro paredes.
Jude os recebera como uma boa anfitriã e regente, contudo, sua mente estava distante, buscando desvendar a verdadeira mão do antigo Grimsen no vestido que utilizava agora, e mesmo as indecências verbalizadas de certos imbecis não era suficiente para trazê-la de volta ao mundo. Possuía uma curiosidade alarmante e crescente quanto à roupa e ao restante do visual, e a penoso trabalho, mantinha sua promessa de não olhar para si mesma a Cardan.
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Uma Imagem À Sua Altura, Minha Doce Nêmesis
Fanfictionᴇsᴛᴀᴠᴀᴍ ᴀᴍʙᴏs ғʀᴇɴᴛᴇ ᴀ̀s ғᴀᴅᴀs ᴄᴏʀᴛᴇsᴀ̃s, ᴀ̀s sᴇʀᴠᴇɴᴛᴇs ᴇ ᴀ̀s ᴄᴀᴠᴀʟᴇɪʀᴀs ɴᴏ sᴀʟᴀ̃ᴏ ᴀʙᴀʀʀᴏᴛᴀᴅᴏ ᴘᴇʟᴀs ᴍᴇsᴍᴀs. ᴀᴍʙᴏs sᴇɴᴛᴀᴅᴏs ᴇᴍ sᴇᴜ ᴛʀᴏɴᴏ ᴄᴏɴᴊᴜɴᴛᴏ ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴏ ɢʀᴀɴᴅᴇ ʀᴇɪ ʀᴇsᴏʟᴠᴇᴜ ʟᴇᴠᴀʀ ᴀ ᴄᴏɴᴠᴇʀsᴀ ᴀᴏs ᴏᴜᴠɪᴅᴏs ᴅᴏs ᴅᴇᴍᴀɪs ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇs ᴇᴍ ᴜᴍᴀ ᴠᴏᴢ ᴄᴀʀʀᴇɢᴀᴅᴀ ᴅᴇ ᴍ...