A viagem

314 32 12
                                    

Estavam ambas cansadas ao chegarem em seu destino. Como Carol prometeu a Ulisses, as duas foram bastante cuidadosas e discretas durante todo o tempo em que estiveram na presença de outras pessoas, de forma que quando finalmente chegaram a cidade e estavam acomodadas no carro que Carol havia alugado previamente, a vice-presidente ao volante, ficaram gratas por finalmente serem capazes de se beijar.

"Droga, isso é bem chato, não é?" – Carol disse entre um beijo e outro. – "Fico louca para te beijar..." – Ela deu um beijo no rosto da morena, que acabou rindo enquanto ela dava partida no carro.

"Achei que já estivesse acostumada a isso." – Natália disse, erguendo as sobrancelhas em desafio e fazendo Carol rir. Ela estava linda, vestia uma calça de tecido leve e uma camiseta casual. Os longos cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e os óculos escuros acomodados no rosto a deixavam especialmente atraente.

"Confesso que estava sim e nunca me importei em ter que esconder." – Carol a olhou brevemente, voltando a prestar atenção a pista. – "Não sei o que está acontecendo comigo, Natália." – Ela disse de forma sincera, como quem pensa alto, enquanto apoiava uma mão sobre a coxa da morena.

Natália sentiu um friozinho na barriga ao ouvir aquelas palavras. Estava consciente de que o que as duas viviam era diferente e novo para ambas as partes e as vezes, voltava a sentir medo de estar se envolvendo demais em algo que não fosse capaz de sustentar. Mas ao olhá-la ali vestida em um vestido casual, concentrada enquanto dirigia pela movimentada rua e se permitindo ser tão sincera quanto a forma como se sentia, se sentiu grata por ser capaz de viver aquele sentimento, ainda que de uma forma completamente diferente da que um dia havia imaginado para si. Refletiu que não gostaria de prejudicá-la, e a reação de Sylvia a havia deixado realmente preocupada.

"Vamos ser mais cuidadosas..." – Ela disse, entrelaçando os dedos na mão que repousava em sua coxa e a levando até os lábios, a beijando.

Chegaram a grande casa de veraneio já ao anoitecer. A residência era térrea, mas ampla. Elas levaram suas malas para o interior, decorado de uma forma leve em tons de preto e branco que deixava claro que havia sido escolha de Carol. Alguns cômodos, como a cozinha, eram mais alegres e contavam com muitas cores, um claro sinal das preferências de Ulisses.

"Você vem muito aqui?" – Natália perguntou, caminhando pela sala em direção as grandes portas de vidro que davam acesso aos fundos. – "É lindo..." – Ela disse, encantada ao deslizar as portas e ouvir o som do mar.

"Não venho muito..." – Carol sorriu, se aproximando dela. – "Quase não tenho tempo livre para isso." – A abraçou por trás e a beijou no ombro. – "Quer ir até lá?" – Ela perguntou, meneando a cabeça na direção do mar.

"Vamos?" – Natália se animou e Carol sentiu seu coração aquecer ao vê-la feliz.

"Vamos..." – Ela a beijou no rosto e tirou as sandálias, observando Natália se livrar de seus tênis. Caminharam pelo curto caminho ladeado por pedras que levava a um portão de madeira, nos fundos da área externa. Natália observou a piscina no meio da vastidão de grama verde e riu, pensando na bagunça que Carlinhos devia fazer ali. No lado direito a ela, jazia um ofurô em madeira.

"Gostou?" – Carol perguntou, abrindo o pequeno portão de madeira.

"É lindo..." – Natália sorriu, dando uma última olhada na luxuosa área antes de segui-la pela faixa de areia. – "Uau... esse lugar é maravilhoso."

"Espere até amanhã de manhã..." – Carol sorriu, estendendo uma mão a ela e entrelaçando seus dedos. – "Tem a água mais cristalina que eu já vi em toda a minha vida."

Natália notou que algumas pessoas caminhavam próximas ao mar. Três jovens corriam em um ritmo regular, se exercitando, outros riam e brincavam em grupos, jogando vôlei e outros jogos de praia. Olhou para as mãos das duas unidas e se preocupou.

Blackout | NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora