"Carol..." – Ela disse em um tom desanimado, entregando a carta de volta a ela. – "Essa mulher..." – E então respirou fundo, se deitando na cama. Não queria se meter, mas só em ver a assinatura de Fernanda Campelo, sentia suas mãos suarem.
Carol se deitou ao lado dela, ambas fitavam o teto.
"O que você acha?" – Carol perguntou, virando a cabeça para olhá-la. Natália estava tensa.
"Carol, para mim está claro o que essa mulher está tentando fazer." – Ela disse, ainda fitando o teto. – "Eu a vi na empresa ontem, ela estava com seu pai na cafeteria e não parecia feliz ao perceber que você não estava lá."
"Meu pai deve ter contado a ela..."
Natália assentiu.
"Sim." – Suspirou. – "Você me perguntou o que eu acho. Eu acho que você não deveria aceitar. Ela não é confiável, fico doente só de pensar em você convivendo com ela novamente. Ela te toca sem permissão, já a vi fazendo isso por duas vezes na cafeteria... foi abusiva com você, enfim, são tantos os argumentos que eu poderia ficar aqui falando a manhã inteira." – Ela fez uma pausa, pensando um pouco. – "Mas eu não quero me meter na sua vida, ok? Estamos juntas, é verdade... mas isso não me dá o direito de fazer isso." – Disse, tendo consciência que de certa forma, Carol sentia falta de seu trabalho. – "Eu só peço que pense sobre o assunto, eu não sei do que seria capaz se essa mulher encostasse um dedo em você." – Concluiu, séria.
Carol abriu um sorriso singelo, se aninhando ao peito dela.
"Eu adoro quando fica toda protetora." – Disse, a beijando no rosto. A sombra de um sorriso apareceu nos lábios na morena, mas seu corpo ainda estava rígido de tensão. - "Eu vou recusar." – Ela sussurrou, acariciando sua barriga. Natália passou o braço por sua cintura, a trazendo mais para perto.
"Eu não quero que faça isso por minha causa, Carol." – Disse, acariciando sua cintura com o polegar. – "Não quero que futuramente se arrependa dessa decisão e que isso venha a nos causar algum tipo de problema."
Carol levantou o rosto para olhá-la.
"Eu não vou aceitar, Nat. Não tenho a mínima vontade de trabalhar com Fernanda, o salário é ótimo, mas eu não sinto que preciso disso quando eu tenho você. Não te deixaria aqui para morar em outra cidade, de qualquer forma." – Franziu o cenho, como se aquela fosse uma ideia absurda. – "Além disso, os livros estão rendendo um bom dinheiro e eu estou amando me dedicar mais a escrita. Não trocaria a vida que tenho com você nem mesmo por todo o dinheiro desse mundo."
Natália finalmente a olhou nos olhos. Seu coração transbordava amor. Carol falava com sinceridade e paixão, e a morena já havia notado o quanto ela parecia mais feliz em se dedicar integralmente a um trabalho que antes era apenas um hobby.
"Você tem certeza?" – Ela perguntou baixinho, se virando de frente para Carolina.
"Toda a certeza do mundo." – Carol tomou seu rosto entre as mãos e a beijou com carinho. – "E sei que nunca vou me arrepender dessa decisão."
Natália abriu um sorriso bobo, deslizando os dedos para sua nuca e aprofundando o beijo. O sentimento que compartilhavam era algo completamente novo para ela, algo que transcendia as barreiras físicas. Se sentia tão apaixonada por Carol, tão feliz e completa ao tê-la tão perto que era humanamente impossível imaginar como viveria em paz se ela aceitasse aquela proposta, ainda que não quisesse se meter... concluiu naquele momento que não esperaria muito tempo para selar aquele compromisso.
"Eu te amo tanto..." – A morena sussurrou. – "...tanto, Carol."
Os olhos de Carol se encheram de lágrimas. Havia verdade naquelas palavras, e tanto amor que era impossível não se emocionar. A cada dia tinha mais certeza de que havia feito a escolha certa, não conseguia nem mesmo imaginar uma vida sem Natália.
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Blackout | Narol
FanfictionNatália Cardoso é uma designer e ilustradora de sucesso e trabalha em uma das maiores editoras do país. Tudo vai bem em seu trabalho até que uma certa mulher, que é ninguém menos que a esposa de seu chefe, passa a se insinuar para ela fazendo propos...