Sexta – Dia do Blackout.
Carol estava furiosa enquanto subia para sua sala na cobertura do prédio. Furiosa com sua própria imbecilidade. O confronto com Natália Cardoso na cafeteria (se é que se podia chamar assim) tinha sido completamente desnecessário e ela não podia acreditar que tinha perdido a cabeça daquela forma. "Sabe que eu posso te demitir, não é?" Como ela tinha sido idiota! E ainda a ameaçara na frente de outra funcionária! Se aquilo chegasse aos ouvidos de Ulisses...
"Merda!" - Ela disse em voz alta quando as portas do elevador finalmente se abriram e ela irrompeu pelo hall de entrada, fazendo Tamires se sobressaltar. O bom gosto de Ulisses para decoração não estava ajudando em nada naquele momento de forma que uma nuvem preta parecia pairar sobre sua cabeça.
"Algum problema Sra. Soffredini?" - Tamires perguntou com cautela enquanto ela passava em frente a sua mesa pisando fundo. Entrou em sua sala e bateu a porta, deixando a pobre assistente sem reação.
Andava de um lado para o outro, pensando no que faria a seguir. Natália Cardoso estava tirando seu juízo. Tirou o blazer, jogando-o em um canto qualquer e se sentou em sua cadeira, apoiando os cotovelos sobre a mesa e cobrindo os olhos com as mãos. Murmurou um palavrão. Como faria para consertar aquilo? Ulisses a mataria.
"Como você é idiota, Ana Carolina Soffredini! Puta que pariu!" - Ela murmurou. Além do problema que arrumaria com Ulisses, ainda tinha o elemento central da questão: Cardoso. Ela podia esquecer qualquer possibilidade (se é que havia alguma) de que a mulher a ouvisse. E ela podia tirar sua razão? De forma alguma! Ela estava sendo uma vaca.
Seu telefone tocou e ela levou um susto. Olhou no identificador de chamadas e apertou o botão do viva-voz.
"O que foi Victor?" - Atendeu, impaciente.
"Ei, o que houve?" - Ele disse em sua voz zombeteira. - "Ulisses não está dando conta do recado?"
Ela não riu.
"Não enche Victor, não estou para gracinhas." - Ela bufou. - "Diz logo o que você quer."
"Nossa, o negócio está feio mesmo." - Ele disse, ainda rindo. - "Preciso da sua ajuda aqui no sistema. Tem como vir aqui?"
"Me dá, sei lá, uma hora?" - Ela olhou ao redor. Não tinha absolutamente nada para fazer ali, mas não estava em condições de descer naquele momento. - "Estou atolada em trabalho."
"Beleza, te aguardo. E vê se se acalma irmãzinha."
"Vai se foder." - E ela desligou. Victor não estranharia. Eles se tratavam daquela forma o tempo inteiro.
Se levantou e foi preparar uma xícara de café enquanto se colocava a pensar. Descer e falar com Natália Cardoso estava fora de cogitação, ela acabara de ameaçar demiti-la pelo simples fato de ter se recusado a sair com ela. Fechou os olhos. Ainda não acreditava que tinha feito aquilo. Enquanto observava sua máquina de expresso expelir seu café na xícara, ela concluiu que precisava falar com Ulisses. Pegou o café e foi até o telefone, discando o ramal de Tamires. Sim, a mulher estava apenas a alguns metros dela, mas ela não estava a fim de olhar para a cara de ninguém.
Tamires atendeu ao primeiro toque.
"Pois não, senhora." - Ela disse em uma voz polida.
"Ulisses." - Ela disse. - "Onde ele está?"
"Em reunião fora da empresa."
"O mande direto para minha sala quando ele chegar."
"Tudo bem, senhora." - Ela respondeu e Carol desligou o telefone.
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Blackout | Narol
FanfictionNatália Cardoso é uma designer e ilustradora de sucesso e trabalha em uma das maiores editoras do país. Tudo vai bem em seu trabalho até que uma certa mulher, que é ninguém menos que a esposa de seu chefe, passa a se insinuar para ela fazendo propos...