Naquela noite, quando finalmente subiram para seu quarto, os pensamentos de Carol ainda estavam longe. Apreciara cada minuto com a morena sob o luar, a beijando, aproveitando a sensação gostosa que era estar em seus braços, mas por mais que tentasse (e por mais que se forçasse a lembrar o tempo todo sobre a conversa que tivera com Ulisses na varanda), ela sempre se pegava quase dizendo o que sentia. Sabia que não devia, que Ulisses tinha razão quanto a ir com calma. Não queria assustá-la, mas ao mesmo tempo sentia uma necessidade enorme de saber como ela se sentia, de forma que quando as duas estavam deitadas em sua cama, o corpo nu da morena sobre o seu enquanto ela beijava seu colo, seu pescoço, sua boca, lhe proporcionando as sensações mais deliciosas que já havia sentido, as palavras saíram antes mesmo que ela se desse conta.
"Estou apaixonada por você..." – Ela sussurrou, mirando os olhos castanhos, agora tão surpresos que a fizeram sentir um súbito medo. – "Merda, eu não devia ter falado isso." – Ela fechou os olhos e murmurou um palavrão.
Natália a fitou pelo que pareceu uma eternidade. Carol sentia seu corpo, ainda quente pelos toques que estavam trocando, tremer de nervosismo. Quando ela aprenderia a controlar a maldita língua? Estava prestes a abrir a boca para se desculpar quando sentiu os lábios macios contra os seus.
"Shhh..." – A morena sussurrou em seus lábios, seu olhar agora tão intenso que a fez sentir seu estômago revirar. – "Isso é verdade?" – Ela perguntou baixinho, afastando uma mecha de seu rosto suado.
Carol se limitou a assentir, estava sem ar. Natália foi tomada por um sentimento tão profundo ao mirar aqueles olhos verdes que precisou ficar em silêncio por um tempo. Apaixonada. Era a única palavra que flutuava em sua mente. As coisas com Sylvia haviam sido mais complicadas do que ela se dava ao luxo de contar em conversas casuais. Seu maior erro fora se envolver tanto e tão depressa. Desde então, vinha sendo muito cuidadosa com relação a seus "relacionamentos", ao menos até aquele momento. Contrariando a todas as suas regras, com Carol tudo estava acelerado demais e ela sentia medo de estar trilhando um caminho sem volta, que a levasse a sofrer novamente.
"O que está fazendo comigo, Carol?" – Sussurrou em seus lábios, enquanto suas mãos passeavam pela lateral de seu corpo, sentindo a maciez de sua pele e a fazendo estremecer um pouquinho. – "Droga, estou tão apaixonada..." – Ela disse, antes mesmo que percebesse. - "Estou louca por você..." – Ela mordiscou o lábio de Carol. – "Eu estou tão fodida, não estou?" – As palavras simplesmente saiam de sua boca sem que ela as controlasse. Sua voz cada vez mais rouca de desejo... Fazia tanto tempo que não se sentia daquela forma, seu corpo a queria tanto que era humanamente impossível se privar daquela sensação. – "É claro que estou." – Disse mais para si do que para ela.
Carol gemeu baixinho com aquela declaração, a sensação de suas mãos percorrendo seu corpo, seus lábios deslizando sobre os seus, a fazendo arder de desejo.
"Não..." – Ela sussurrou entre os beijos, que ficavam mais intensos. – "Não está..." – Pensou que aquilo era o extremo oposto de ir com calma, mas a quem ela queria enganar? Ir com calma ia diretamente contra sua natureza precipitada.
"Estou com medo..." – Natália sussurrou, deixando que as palavras fluíssem livremente por seus lábios, assim como os beijos que trocavam. – "Estou morrendo de medo, Carol."
Carol sentiu seu coração apertar com aquelas palavras tão sinceras. Havia dor nelas, receio... seus olhos estavam cheios de desejo, mas também havia medo deles. Desejou poder tomá-la para si e nunca mais soltar, desejou acabar com a pessoa que havia a machucado daquela forma. Tomou seu rosto em suas mãos e a fez olhar nos olhos.
"Natália..." – Ela sussurrou, sem tirar os olhos dela. – "Eu não vou te machucar..." – A beijou suavemente. – "Nunca..." – Passou o polegar por seus lábios, sentindo sua respiração descompassada. - "Eu prometo."
Natália sentiu seus olhos marejarem com aquelas palavras. Ela não tinha apenas medo, estava aterrorizada! Preferiria viver o resto de sua vida sozinha a sofrer daquela forma de novo. Mas ver a verdade contida naqueles olhos verdes a encheu de uma estranha esperança, algo que a muito não sentia. Tomou sua boca em um beijo intenso, saboreando, sentindo seu corpo inteiro queimar de desejo ao ouvir os gemidinhos que ela emitia, aprovando seus toques, mordendo seus lábios... Precisava senti-la, conectar-se a ela. A morena levantou suas pernas com cuidado, sem deixar de beijar sua boca em um só minuto, e uniu seus sexos em um contato tão molhado e gostoso que fez com que as duas gemessem ao mesmo tempo.
"Agora você é realmente minha..." – A morena disse em uma voz rouca, dando beijos molhados em seu pescoço enquanto deslizava seu sexo sobre o dela provocando um delicioso atrito que fazia todo o seu corpo gritar, implorar por mais. – "Minha Carol..." – Ela deslizou a mão para a parte de traz de sua coxa, erguendo um pouquinho mais e aumentando o contato entre elas, mordendo seu queixo quando Carol inclinou a cabeça para trás em um gemido alto.
"Sim..." – Carol gemia, movendo os quadris junto a ela, aumentando o prazer das duas enquanto sentia seus lábios em seu pescoço, chupando, mordiscando, beijando... – "Natália!" – Sentia que seu corpo não aguentaria muito mais daquilo. Ainda que quisesse prolongar o prazer o máximo possível, queria se render aquela sensação e já começava a sentir as contrações em seu ventre.
"Gosta assim?" – Natália percebeu que Carolina começava a estremecer e se rendeu ao desejo de seu corpo, colocando mais pressão em seus quadris, machucando seus próprios lábios em uma mordida forte quando Carol entranhou as unhas em sua cintura, causando uma leve dor que só fez aumentar o tesão que estava sentindo.
"Porra..." – Carol choramingou. – "Sim..." – E então se rendeu ao prazer, levando a morena junto com ela.
As duas ficaram ali por alguns segundos, abraçadas, se recuperando do que haviam acabado de viver, até que Carol quebrou o silêncio.
"Acho que cortei você." – Ela disse, tentando fazer com que sua respiração voltasse ao normal e passando os dedos pela cintura da morena.
Natália sorriu, o local realmente ardia um pouco.
"Acaba de quebrar sua promessa de não me machucar." – Ela beijou seu pescoço, fazendo Carol rir.
"Sua boba." – Carol a beijou no rosto, acariciando seus cabelos. E ficaram ali, unidas até que o cansaço deu lugar a um sono profundo.
No domingo, elas acordaram um pouco mais cedo e passaram um bom tempo no mar, curtindo a companhia uma da outra e conversando sobre suas vidas. Natália descobriu que Carol, além de boa com números e programações, era uma leitora voraz e já tinham lido quase todos os livros que a morena possuía em sua biblioteca particular. Almoçaram com Carlinhos e Ulisses e passaram o resto da tarde assistindo a séries com os dois.
"Vai ficar aqui hoje, não é?" – Carol perguntou acariciando os cabelos da morena, que estava aninhada em seu peito de uma forma fofa. Natália agora estava bem mais relaxada e Carol estava feliz com isso. Soffredini se pegou pensando em como seria bom que a vida fosse sempre daquela forma e ela não tivesse que interpretar uma personagem em seu dia a dia.
Natália suspirou, abraçando sua cintura.
"Preciso ir pra casa hoje." – E então sussurrou, para que Ulisses não ouvisse. – "Tenho tanto trabalhado acumulado da semana passada que nem sei como vou me virar."
Carol riu, beijando sua testa.
"Ah, fica vai..." – Sussurrou. – "Ele não vai se importar."
Natália riu, meneando a cabeça em negativa.
"Não é assim que trabalho, Sra. Soffredini." – Ela disse, fazendo a outra rir. De repente, lhe ocorreu algo que ainda não tinha parado para pensar nos últimos dias. – "Carol..." – Ela perguntou, sentindo os dedos delicados da mulher deslizarem por seus cabelos. - "Como será amanhã?"
Carol suspirou e respondeu com sinceridade.
"Eu não sei."
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Blackout | Narol
Fiksi PenggemarNatália Cardoso é uma designer e ilustradora de sucesso e trabalha em uma das maiores editoras do país. Tudo vai bem em seu trabalho até que uma certa mulher, que é ninguém menos que a esposa de seu chefe, passa a se insinuar para ela fazendo propos...